terça-feira, 15 de maio de 2018

APRENDENDO COM A SÍNDROME DE CAIM




APRENDENDO COM A SÍNDROME DE CAIM

“Síndrome (do grego "syndromé", cujo significado é "reunião") é um termo bastante utilizado em Medicina e Psicologia para caracterizar o conjunto de sinais e sintomas que definem uma determinada patologia ou condição.

Encontramos na  Bíblia a história de Caim e Abel, os dois filhos de Adão, criados e educados da mesma maneira, mas com caráter e personalidades totalmente diferentes.

Em um determinado momento, Caim e Abel trouxeram uma oferta (fruto do trabalho deles) ao Senhor. Era um momento específico, pré-determinado e muito provavelmente, periódico, em que se deveria oferecer algo em sacrifício a Deus.


A diferença entre a oferta de Caim e de Abel não era o produto em si, mas, o modo como foram preparadas. Hebreus 11:4 diz que pela fé, Abel ofereceu uma oferta mais extraordinária que a de Caim. Abel preparou sua oferta com fé, visando à vontade de Deus como regra indispensável. Abel preparou sua oferta com zelo, cuidadosamente separando ao Senhor o que tinha de melhor: as primeiras e melhores crias de seu rebanho. Foi muita negligência Caim oferecer ao Senhor o resto do que produziu; o resto de seu tempo, o resto de sua atenção. Deus não se agrada de restos.

Analisando Caim atentamente

Ele teve inveja de seu irmão. A inveja é um sentimento que anda junto com a vaidade. É a insatisfação com a própria vida. A pessoa invejosa não consegue ver as bênçãos que Deus está derramando sobre elas, e estão sempre querendo as bênçãos alheias. Assim foi Caim. Se tivesse reconhecido que Deus era o responsável pelo sucesso de sua semeadura, não teria problemas em lhe trazer as primícias da terra, como o fez Abel.


Ciumento, não aceitou ver Deus dar mais atenção ao seu irmão. Ciúme é a característica de quem é possessivo. De quem se acha dono das coisas. Deus é única pessoa no universo que pode se achar dono de alguma coisa (Deuteronômio 10:14). O ciúme é tão perigoso que turva a visão das pessoas. Caim não percebeu que Deus o amava também, que se preocupava com ele. O ciúme nos torna injustos. Por isso Jesus Cristo chama Abel de justo (Mateus 23:35).

Vejamos o que esses dois sentimentos, quando fora de controle, podem causar em uma mente.

1. Caim teve tempo para se arrepender.

Deus conversou com ele. A decisão de matar seu irmão não foi de uma hora para outra. O Senhor explicou o que estava acontecendo, porque não havia atentado para sua oferta. O motivo: a conduta de Caim (Gênesis 4:7). Além da oferta de Abel ter sido melhor, Abel se comportava melhor. E Deus age assim até hoje.

Duas ovelhas suas podem lhe trazer suas ofertas, mas,  Ele atentará não para a oferta maior, mas, para a oferta dada com uma atitude adoradora. Um exemplo claro disso está na clássica passagem da oferta da viúva, onde, aos olhos de Deus, duas moedas valeram mais do que as enormes quantidades de ouro e prata que eram depositadas no gazofilácio do templo. Deus olha primeiro para dentro de nós, depois resolve se aceita nossa oferta ou não.

Essa é uma lição de ser aprendida até os dias de hoje, porque as pessoas preferem crer em sua própria justiça.

2. Caim não deu ouvidos à repreensão.

Cego, não percebeu que o Deus só o estava repreendendo porque lhe amava (Hebreus 12:6-9). E isso é o que diferencia ovelhas de bodes. Adoradores de enganadores. Joio de trigo. A capacidade de receber a exortação da Palavra de Deus como uma forma de edificação. Só verdadeiras ovelhas convivem bem com a Palavra de Deus, quer ela diga o que queiram ouvir ou não.

3. Caim premeditou o delito.


Uma das coisas que melhor caracteriza a maldade é a premeditação. É quando nos preparamos para pecar. É o planejamento do delito. O modo como Davi agiu em relação a Urias. O modo como Jezabel agia. Judas. A Bíblia mostra que a maldade premeditada recebe de Deus atenção especial. Caim, assim como Davi e Judas, recebeu sua punição sem tempo do pecado esfriar, cair no esquecimento.

4. Caim inaugurou a era das casas divididas.

Em Mateus 10:36 Jesus faz essa surpreendente afirmação: “Os inimigos do homem serão os seus familiares”. A questão é: que culpa teve Abel em tudo o que aconteceu? Que culpa temos em servir a Deus com dedicação e com isso chamarmos sua atenção, enquanto alguém que está ao nosso lado trata Deus de qualquer jeito ou ainda com um coração dividido e nada consegue? É justo essa pessoa se irar contra nós? Não. Mas é o que acontece.


Se alguém demonstra mais amor pelas coisas de Deus que outras pessoas e são olhadas por isso – o que é mais do que justo – acabam despertando (como em Caim) a inveja e o ciúme em outras pessoas, sendo que a essas últimas só restam duas alternativas: agirem com sinceridade com Deus ou seguir o caminho de Caim, perseguindo aqueles que estão no caminho certo. E é impressionante como isso ocorre dentro das casas.

É o que chamamos síndrome de Caim, que é sempre procurar alguém para que possamos transferir a culpa pelos nossos fracassos. Uma característica que, ao que parece, ele herdou de seu pai.

                Concluímos, então, que, aparentemente, as ofertas de Caim e de Abel teriam o mesmo valor: parte do trabalho e da produção deles. Mas quando Deus analisa motivação do coração, vemos que as ofertas são totalmente diferentes.

Porém, Deus também é bondoso e misericordioso e não deseja que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. Na história, vemos que Deus insiste para que Caim investigue a causa de sua oferta não ter sido aceita. “Se você fizer o bem, não será aceito?”


Infelizmente é comum encontrarmos pessoas com a síndrome de Caim.  Pessoas que ao serem impregnadas com a cultura do individualismo, relativismo e narcisismo não se acham responsáveis pelos seus irmãos.  Tais pessoas não estão sensíveis ao fato de eles estarem vivos ou mortos. Seus olhos estão voltados unicamente para si próprios.  Este é um lado sombrio da Síndrome de Caim, porém não é o único.  Existe um lado ainda mais sombrio, que revela um coração cujo pecado já bateu a porta e recebeu acolhimento.

 Não é raro encontrarmos pessoas que absolutamente incomodadas com o sucesso do outro; com a beleza do outro; com a desenvoltura do outro; com a simpatia do outro; com a facilidade de fazer amigos do outro; com a generosidade de outro; com a alegria do outro,  elabora seus planos de morte.  Se por um lado a Síndrome de Caim faz com que a pessoa não se sinta responsável pelo outro, do outro lado pode fazer da pessoa o próprio assassino.  Não me refiro a morte física, ainda ela também seja possível, mas neste caso me refiro a morte existencial.   Por vezes riscamos pessoas de nossa vida, matando-as com nossa indiferença, com nossos comentários pejorativos, com nosso jeito articulado de tirá-las de nossos grupos, com nosso talento de fazer as pessoas verem somente o nosso lado conveniente da história. Incapazes de lidarmos com o outro e contrariados, fazemos com que pessoas vivas sejam tidas como mortas por nós.  Simplesmente fazemos opção de enterra-las e seguimos a vida, sem que isto de fato importe.


A grande questão é que Deus continua perguntando: Onde está o seu irmão?  O que foi que você fez?  Escute!  Da terra o sangue do seu irmão está clamando!



A Síndrome de Caim é uma patologia da alma que revela um lado obscuro, insensível, egoísta, individualista e imaturo de viver.  Deixa eu te fazer uma pergunta para reflexão:  Analisando sua própria vida, você percebe sinais da Síndrome de Caim?

Hoje minha intenção foi mostrar brevemente o problema da Síndrome de Caim. A patologia da alma que nos faz insensíveis aos nossos irmãos.  Fica agora uma pergunta:  Quem é esse irmão?  Sobre isso falaremos na próxima oportunidade.

Como tem sido a oferta que temos entregado ao Senhor? Temos surpreendido ao Senhor com o nosso melhor, em amor? Ou temos oferecido o que nos sobra e de qualquer jeito? O que sobra do nosso tempo, o que sobra da nossa disposição, o que sobra dos nossos recursos etc…


A verdade é essa: se nos arrependermos, se corrigirmos os nossos caminhos, se fizermos o bem, nossos pecados serão perdoados e nossa oferta será aceita. Mas cuidado! O pecado constantemente nos ameaça; cabe a nós dominá-lo. Isso é palavra do Senhor.

  

MESTREKAMEL

terça-feira, 8 de maio de 2018

ESCATOLOGIA



O Que é Escatologia?

Escatologia é a divisão da Teologia Sistemática que estuda as profecias bíblicas sobre o futuro. É por isso que a escatologia é melhor definida como sendo “a doutrina das últimas coisas”. Com certeza a escatologia bíblica é a área da teologia que desperta mais curiosidade entre cristãos, e que possui a maior variedade de interpretações.

O que é escatologia e qual o seu significado?

A escatologia é o clímax da revelação divina. Ela fala sobre a principal razão da criação do mundo material, e o cumprimento dos propósitos eternos de Deus para a humanidade. A escatologia estuda tanto as profecias que já se cumpriram como as que ainda se cumprirão. Portanto, tudo o que era “profeticamente futuro” na época em que foi escrito é abordado na escatologia bíblica.
 

O termo “escatologia” começou a ser utilizado no século 19 e vem da junção de duas palavras gregas: eschatos, que significa “último”; e logos, “palavra” ou “dissertação”. Assim, escatologia significa “doutrina ou estudo sobre as últimas coisas”.







O que é “escatologia inaugurada” e “escatologia futura”?

A escatologia bíblica estuda três tempos de profecias: profecias que já se cumpriram; profecias que estão se cumprindo; e profecias que ainda se cumprirão. Por causa disto, existe uma classificação que na teologia geralmente é chamada de “escatologia inaugurada” e “escatologia futura”.


Na escatologia inaugurada é abordado a fase atual do reino de Deus e as bênçãos presentes desfrutadas pelos crentes, bem como as várias profecias presentes no Antigo Testamento que se cumpriram na pessoa de Cristo em sua primeira vinda. A escatologia futura, como o próprio nome já diz, aborda os eventos futuros.


A escatologia geral e a escatologia individual



A escatologia também pode ser dividida em dois segmentos: escatologia geral e escatologia individual. A escatologia geral trata acerca do futuro do mundo. Já a escatologia individual trata do futuro individual do homem.

Na escatologia geral temas relacionados ao fim da presente dispensação são discutidos. Por exemplo: a segunda vinda de Cristo; a ressurreição geral; o juízo final; etc. Já na escatologia individual é o fim da vida do homem que é discutido, como a morte física, imortalidade, e o estado intermediário dos mortos.

Podemos citar dois textos bíblicos como exemplos de escatologia geral e escatologia individual. São eles: 1 Tessalonicenses 5:1-11 e Salmo 90. Em 1 Tessalonicenses o apóstolo Paulo trata da escatologia geral, enquanto no Salmo 90 Moisés fala a respeito da escatologia individual.

Quais são os principais assuntos estudados na escatologia?


As profecias em relação a Jesus Cristo: são consideradas as profecias messiânicas sobre a primeira vinda de Cristo que é o assunto mais importante do Antigo Testamento. Também é abordado cada uma das promessas de sua segunda vinda, especialmente no Novo Testamento.

Profecias em relação a Israel: como o povo da Aliança, a nação de Israel foi alvo de muitas profecias. Então a escatologia bíblica também estuda tais profecias, iniciando desde as primeiras promessas feitas a Abraão no livro de Gênesis.

Profecias em relação aos gentios: existem muitas profecias na Bíblia sobre os gentios. Um exemplo claro de uma delas, é a profecia que ocorreu ainda na família de Noé (Gênesis 9:27).

Profecias em relação à Igreja: tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, muitas profecias sobre a Igreja podem ser encontradas. Essas profecias deixam claro que Deus escolheu para si um corpo de santos formado por judeus e gentios.


Estado intermediário: uma abordagem sobre o estado intermediário dos homens (tanto dos salvos quanto dos ímpios) após a morte enquanto aguardam a ressurreição.

Reino milenial: essa área é a que mais gera discussões devido as suas diferentes escolas de interpretação. Basicamente é discutido o reino milenar de Cristo, o milênio, mencionado em Apocalipse 20.

Juízo final: um estudo sobre o julgamento de todos os homens. O evento do juízo final terá algumas diferenças, principalmente cronológicas, dependendo da corrente de interpretação escatológica adotada.

Estado eterno: um aprofundamento sobre os relatos de Apocalipse 21 e outros textos bíblicos. Neste ponto são estudadas as profecias sobre a vida dos justos no novo céu e nova terra bem como a vida dos ímpios no tormento eterno no inferno.

As diferentes correntes escatológicas


Existem basicamente quatro correntes de interpretação escatológica:

Pré-Milenismo Histórico: defende a segunda vinda de Cristo como sendo pós-tribulacional, e uma interpretação literal de Apocalipse 20.

Pré-Milenismo Dispensacionalista: também interpreta de forma literal o capítulo 20 de Apocalipse, e defende a segunda vinda de Cristo dividida em duas partes. São elas: a primeira pré-tribulacional para a Igreja, e pós-tribulacional para estabelecer o milênio.


Amilenismo: defende a segunda vinda de Cristo como sendo pós-tribulacional, e uma interpretação não literal de Apocalipse 20. No Amilenismo o milênio não é visto como um período literal de mil anos, e, sim, espiritual que já começou na primeira vinda Cristo.

Pós-Milenismo: defende a segunda vinda de Cristo como sendo pós-tribulacional, e também uma interpretação não literal de Apocalipse 20. Porém, diferentemente do Amilenismo que define o início do milênio na segunda vinda de Cristo, o Pós-Milenismo acredita no milênio como sendo um período de grande paz e prosperidade no mundo ocasionado pela pregação do Evangelho.

Entenda melhor quais são as diferentes correntes escatológicas, e conheça também as diferenças entre Amilenismo, Pré-Milenismo Histórico, Pós-Milenismo e Pré-Milenismo Dispensacionalista.

Os pontos mais discutidos nas diferentes interpretações escatológicas


Segunda Vinda de Cristo/Arrebatamento: o evento em que Cristo retornará a terra. Para o pré-milenismo dispensacionalista, esse evento será dividido em duas etapas, iniciando com um arrebatamento da secreto Igreja. A palavra “arrebatamento” não existe originalmente na Bíblia Sagrada, mas foi traduzida de um termo grego em 1 Tessalonicenses 4:17 para se referir ao encontro repentino da Igreja com Cristo nos ares.


Tribulação/Grande Tribulação: Um período de tribulação final e intensa que afligirá o mundo. Para quem defende um arrebatamento pré-tribulacionista, a Igreja não passará por esse período. Quem pensa assim também afirma que a grande tribulação durará sete anos. Essa conclusão é tomada a partir de uma combinação da profecia das setenta semanas de Daniel e um esquema específico de leitura literal do livro do Apocalipse. Já quem defende um arrebatamento pós-tribulacionista, acredita que a igreja passará pela grande tribulação, e, no final, será salva pela volta de Cristo.

Anticristo: este ponto estuda as profecias sobre o aparecimento de uma pessoa (e/ou sistema em algumas linhas de interpretação) que exercerá um governo unificado no mundo e agirá em grande oposição a Deus. Saiba mais sobre quem é o Anticristo.

Milênio: período descrito em Apocalipse 20 que fala sobre o reinado dos santos com Cristo. Nesse tempo Satanás está amarrado, e será solto apenas no final desse período. Como já foi dito, alguns interpretam o milênio como um período literal após a volta de Cristo. Já outros interpretam como um período simbólico antes da volta de Cristo.

Para uma melhor compreensão sobre o que é a escatologia bíblica, também é importante saber as noções básicas de como estudar o livro do apocalipse e quais são diferentes métodos de interpretação do Apocalipse.