A
rejeição é um sentimento, uma emoção, portanto objeto da psicanálise, que nos
fala sobre a dor psíquica de ser rejeitado, recusado, preterido ou abandonado,
o que fere profundamente a vaidade humana, magoa o seu narcisismo e frustra a
sua fantasia de que “como alguém pode não gostar de mim? ”, ou seja destrói a
fantasia arrogante de ser querido acima de tudo e todos. Vê-se de cara que a
rejeição que é um sentimento psíquico, quer dizer, mora na nossa mente, nos nossos
sentimentos, tem dois lados claros: Um deles é a dor do desprezo, do abandono,
da traição, de ser preterido – o que quer dizer que escolheram outro (a) em seu
lugar, ao invés de você. O outro ponto da rejeição tem muito a ver com o nosso
sentimento de aceitação absoluta: só eu sou o bom, só eu sei pregar, eu sou o
único que sobrou em Israel. Portanto a rejeição é com certeza é algo que Deus
vá usar para nos abençoar, principalmente aqueles que se acham maiores do que
os outros.
Texto
Básico: 1Samuel 1 a 4
Lemos em 1Timóteo 5.8:
“Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos da sua própria
família, negou a fé e é pior que um descrente”. Muitos são os textos bíblicos
que nos alertam para o cuidado que devemos dispensar aos da nossa família. Para
os líderes espirituais, o cuidado e a espiritualidade no lar fazem parte de um
bom perfil para o exercício do ministério (1Tm 3; Tt 1).
O exemplo de Eli nos
leva a pensar sobre a responsabilidade espiritual que os pais devem exercer
sobre os filhos. Em nossos dias muitos pais cristãos estão negligenciando ou
delegando a terceiros a formação religiosa dos filhos. Cristãos dedicados e
bem-intencionados no exercício ministerial, mas que estão correndo o risco de
serem reprovados por Deus quanto à responsabilidade dentro de casa, olhando
apenas para os de fora!
QUEM
FOI ELI
Eli (Deus é exaltado)
foi sumo sacerdote em Siló e o 14° juiz sobre Israel. [2]“Eli teria sido o
primeiro sumo sacerdote da linhagem de Itamar, o filho mais novo de Arão”. Viveu por volta de 1.100 a.C. Nada sabemos
sobre sua esposa. Eli tinha dois filhos, Hofni e Finéias (2.34). Eles eram
ímpios, adúlteros, desobedientes e irresponsáveis. Eli não conseguiu impedir
que seus filhos blasfemassem contra o Senhor. Eles tornaram-se culpados de
imoralidade e sacrilégio. Eli foi o grande mentor do profeta Samuel (2.11), que
ainda menino foi chamado por Deus para proferir a condenação da casa de Eli,
que seria retirado do oficio sumo sacerdotal (3.11-14). Aos noventa e oito anos
de idade, cego e pesado, foi informado por um benjamita da morte de seus filhos
e que a arca de Deus havia sido tomada pelos filisteus. Eli caiu da cadeira
para trás, quebrou o pescoço e morreu (4.18). Ele Julgou Israel por quarenta
anos (1115-1075). Quem não se preocupa em identificar os erros registrados na
história corre o risco de repeti-los. A escola bíblica dominical é um espaço
aberto à disciplina formativa para todas as áreas da vida.
FAMÍLIA X TRADIÇÃO
Os filhos de Eli
cresceram em meio às atividades do santuário do Senhor. Conheciam cada detalhe
e sabiam que no futuro estariam assumindo as funções do pai. Só que o mais
importante eles desconheciam, o caráter de Deus e suas exigências. Eles eram
ímpios e por isso foram reprovados. “Filho de peixe, peixinho é., mas filho de crente, crentinho
não é”! Essa é uma afirmação “engraçadinha” e
real. Deus não aprova uma pessoa por sua tradição familiar. “Aquele que pecar,
esse morrerá; o filho não levará a culpa do pai, nem o pai levará a culpa do
filho. A justiça do justo estará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre
ele”.
Eli falhou ao achar que as coisas se
ajeitariam automaticamente. Não podemos dizer que ele foi totalmente
negligente, mas certamente cometeu o erro de não comunicar aos seus filhos as
verdades espirituais que conhecia. Mesmo que seus filhos se encaixassem no
perfil dos filhos que não ouvem os conselhos dos pais, não podemos isentá-lo
totalmente de culpa. Devemos lembrar que a tradição foi um dos empecilhos do
jovem rico que virou as costas para Jesus. Ele achava que sabia tudo, mas
desconhecia o principal, e por isso não teve forças para seguir o nosso Mestre
(Lucas 18). Mais do que o ambiente eclesiástico, nossos filhos precisam
conhecer o Senhor da igreja e seus princípios revelados na Bíblia Sagrada.
É PRECISO INVESTIR TEMPO NA FORMAÇÃO ESPIRITUAL DOS FILHOS
A tarefa mais importante
que os pais que já tiveram um encontro genuíno com Deus têm nesta vida é guiar
seus filhos até Deus. É muito mais importante do que educá-los para o mundo.
Veja o exemplo de Jó (Cap.1). A Bíblia recomenda aos pais a, antes de tudo,
“criar os filhos na disciplina e instrução do Senhor”. E para isso devem os
pais investir tempo nesta indispensável tarefa. Em Deuteronômio 6.7 encontramos
um importante ensino sobre quando os filhos devem ser ensinados:
· Sentado em casa;
· Andando pelo caminho;
· Ao deitar-te e ao levantar-te.
Infelizmente não faltam ladrões do tempo dos
pais e dos filhos em nossos dias.
A
educação secular e o ensino religioso devem caminhar de mãos dadas. Caso os
pais cristãos não compartilhem as verdades acerca de Deus com os filhos, eles
serão presas fáceis para as filosofias que hoje têm ocupado as mentes
dominantes na mídia, nas escolas e nas universidades. Quase todos os pais
cristãos conhecem Provérbios 22.6, mas poucos procuram viver o que diz esse
texto. Augustus Nicodemos Lopes afirmou que “o maior legado que os pais podem
deixar aos filhos é o conhecimento e o temor de Deus”.
No
livro Sua Herança, J. Otis Ledbetter afirma que “um bom legado espiritual nos
dá um fundamento para compreendermos e respondermos à obra de Deus em nossa
vida. Ao contrário, um mal legado espiritual limitará a nossa habilidade de
reagirmos a esse aspecto vital da existência”. Temos a seguir uma lista, que
obviamente não é completa, com alguns dos principais indicadores de legado na
dimensão espiritual.
Um
forte legado espiritual...
· Reconhece e reforça
as atividades espirituais;
· Considera Deus como um ser pessoal e
amoroso, que deve ser amado e respeitado;
· Transforma as atividades espirituais
rotineiras em um aspecto da vida (frequentar a igreja, orar, ler a Escritura,
etc.);
· Fala sobre questões
espirituais como sendo meios de reforçar os compromissos espirituais;
· Esclarece verdades eternas,
discernindo o certo do errado;
· Incorpora os princípios
espirituais no viver cotidiano.
Um
fraco legado espiritual...
· Arruína ou ignora as
realidades espirituais;
· Representa Deus como um ser impessoal, que
deve ser ignorado ou temido;
· Nunca ou raramente participa das
atividades espirituais;
· Tem poucas discussões
espirituais de natureza construtiva;
· Confunde os absolutos e sustenta o relativismo;
· Separa os princípios espirituais dos
práticos.
ELI SE
ACOMODOU A UMA VIDA DUPLA
Eli se acostumou a uma
tragédia muito comum em nossos dias. Fora de casa um homem bem-sucedido. Dentro
de casa um pai rejeitado, omisso e incapaz de colocar as coisas no seu devido
lugar. Suas técnicas funcionaram com Samuel, mas não funcionaram com os da sua
própria casa. Os de fora o ouviam, já os de casa... O que será que aconteceu?
Por quê? Jamais saberemos!
Não podemos nos
acostumar a viver uma vida fora e outra dentro da igreja. Precisamos ser
íntegros, mostrando transparência em nossos relacionamentos. Os pais ensinam
mais com o exemplo do que com as palavras. Um filho valoriza mais o que vê do
que o que ouve.
Quando as coisas não vão
bem, não podemos fingir que estão bem. Talvez seja hora de pedir ajuda. Mas
infelizmente em algumas famílias cristãs são comuns os comentários
depreciativos sobre a igreja e sua liderança. “Preserve a imagem da igreja e de
seus oficiais junto aos seus filhos. Um dia você poderá precisar deles para
ajudá-lo com seus filhos”.
PARA
PENSAR E AGIR
Eli perdeu o que ele
tinha de mais importante: a aprovação de Deus e sua família. Vimos em nosso
estudo de hoje que uma vida que tinha tudo para dar certo terminou de forma trágica.
Aquilo que fazemos
dentro de nosso lar está diretamente ligado à forma como Deus e as pessoas nos
olharão. Uma pessoa que falha com os da sua própria família, deixando de honrar
a quem merece honra, pouco conseguirá do lado de fora. Uma pessoa que não se
preocupa com a qualidade espiritual dos que estão dentro de sua própria casa
terá a sua credibilidade na igreja abalada.
Se Deus cobrará de nós
as almas que estão distantes, quanto mais as que estão dentro de nossas casas.
PENSE NISSO!!!