Que contraste!
Em 1 Reis 18, Elias era forte e corajoso. Logo no próximo capítulo ele entrou
em pânico e fugiu para salvar sua vida. O que acontecia? O que enfraquecia este
grande profeta e fazia com que ele esquecesse seu dever? Era o desencorajamento
que fazia Elias cair. Precisamos tomar cuidado porque o desânimo pode
incapacitar nossa vida espiritual também.
O zelo pelas
coisas de Deus incomodava o profeta ao ver as coisas erradas que se praticavam
no meio do povo, ora, nos dias de hoje o Espírito de Deus procura por homens e
mulheres que estejam dispostos a lutarem contra as heresias no seio da Igreja
do Senhor. Não é nem será uma tarefa fácil, uma vez que, quem corrompe o povo são
aqueles que deveriam guiá-los; Elias sentiu isso na pele ao ser perseguido por
ter combatido o mundanismo no meio de Israel. Desanimado, Elias fugiu e disse
ao Senhor que queria morrer, durante quarenta dias e noites vagou pelo deserto.
O desânimo nem
sempre é pecaminoso, mas leva ao pecado frequentemente. Neste caso, a depressão
do profeta levou-o a esquecer seu posto de serviço, fraquejar em sua fé em Deus
e, finalmente, tornar-se egoísta. Ele se queixou que era o único restante que
servia ao Senhor fielmente. A vida de Elias, então, oferece um modelo útil para
estudar o desencorajamento, o que o causa e como vencê-lo.
Causas
Ironicamente, um
dos principais fatores que produziam o desânimo de Elias era a grande vitória
que ele conseguira no Monte Carmelo contra os falsos profetas. Vitórias
espirituais decisivas são momentos especialmente vulneráveis; somos mais
suscetíveis nesses momentos tanto ao orgulho como ao desencorajamento. Neste
caso, sem dúvida, Elias previu um reavivamento avassalador. Talvez ele
esperasse que Acabe e Jezabel de algum modo conduzissem a nação inteira ao
arrependimento. Assim, o desafio continuado de Jezabel foi uma decepção. A
mesma coisa pode acontecer conosco. Quando as coisas vão bem, nossas
expectativas são grandes. Então vem o revés, e ficamos desencorajados.
Uma segunda
coisa que causou a depressão de Elias foi seu fracasso em conseguir os
resultados desejados. Depois de anos de fidelidade ao Senhor e depois da
matança dos falsos profetas, nada tinha realmente mudado. Ou assim parecia. É extremamente
desanimador trabalhar, trabalhar, trabalhar e mesmo assim não ver resultado
positivo. Isto não é incomum. Noé, um pregador da justiça (2 Pedro 2:5),
procurou salvar somente sua própria família. Jesus mesmo foi desprezado e
rejeitado (Isaías 53:3; João 1:11). Muitos dos mais diligentes
servos de Deus têm experimentado a frustração de ver os pequenos resultados de
seu labor. Quando vemos pouco ou nenhum fruto de nossas atividades no serviço
do Senhor, precisamos ser pacientes (Gálatas 6:9) e confiar em que a colheita
virá (1 Coríntios 15:58). Terceira coisa, Elias estava desanimado porque
aqueles que deveriam estar servindo o Senhor se esqueciam dele.
Acabe e Jezabel
deveriam ter sido os guias espirituais daquela nação. A conduta deles era
desmoralizante. Para nós, põem ser os irmãos que nos desapontam. A oposição do
mundo não surpreende, mas quando vemos aqueles que declaram estar servindo o
Senhor voltar suas costas a ele, isto se torna mais do que podemos suportar.
Isto não é um problema novo. Josué e Calebe ficaram virtualmente sós (Números
14). Num momento crítico em sua vida, Paulo foi abandonado por todos os irmãos
(2 Timóteo 4:16). Precisamos continuar servindo a Deus, independente da
resposta dos outros (Habacuque 3:17-18).
Uma quarta
causa do desencorajamento de Elias foi a comiseração de si mesmo. Ele estava
sentindo pena de si mesmo. Ele sentia que estava só, que todos os outros tinham
abandonado o Senhor. É difícil ficar deprimido quando se está fixo na obra do
Senhor, mas quando se está pensando principalmente em si mesmo, o desânimo
quase sempre acontece.
A culpa era
uma causa final da depressão de Elias. Ele tinha abandonado sua
responsabilidade e agido sem a orientação de Deus. Ele sabia que estava errado
porque estava na defensiva quando o Senhor falou com ele. Precisava de perdão e
necessitava voltar ao seu posto de serviço. A culpa frequentemente produz
depressão. Algumas vezes, quando estamos abatidos, não precisamos simplesmente
arranjar um modo de sentir melhor, mas precisamos de arrepender.
A pergunta de Deus
O Senhor veio
a Elias duas vezes e perguntou: "Que fazes aqui, Elias?" (1 Reis
19:9, 13). Aqui estava um homem bom e justo que tinha caído. Como Deus lidaria
com ele? Deus não ficou aborrecido ou desistiu dele. Por outro lado, Deus
também não o mimou. O Senhor desafiou-o diretamente, ajudando-o a superar seu
desânimo, e reassumir seu serviço fiel. É encorajador perceber que Deus cuida
de seus servos fracos e decaídos, e que ele trabalha para encorajá-los e
restaurá-los. É também bom ver o modelo do Senhor quando procuramos ajudar a
reerguer nossos irmãos quando se tornam abatidos. Não devemos abandoná-los com
desprezo, mas também não devemos só tentar fazê-los se sentir melhor.
Precisamos desafiá-los e ajudá-los a se levantar novamente na obra do Senhor.
Curas
Quando o
Senhor visitou Elias na montanha e perguntou o que ele estava fazendo ali, Deus
lhe disse para sair "e põe-te neste monte perante o SENHOR." Deus
mostrou a Elias um vento grande e forte que quebrou as rochas da montanha em
pedaços, depois revelou um terremoto e depois um fogo. Cada um deles
demonstrava o poder de Deus, algo que Elias precisava ver urgentemente. Ele
precisava de mais confiança no Senhor; precisava ver quem estava ao seu lado.
Mas, surpreendentemente, o Senhor não estava no vento, nem no terremoto, nem no
fogo. Por fim, Elias ouviu um sopro suave e ali estava o Senhor! A lição parece
ser que precisamos confiar no Senhor até mesmo quando não vemos nada dramático.
Deus pode trabalhar quieto, por meios pequenos e aparentemente insignificantes.
Precisamos deixar mais nas mãos de Deus e não esperar que ele sempre opere de
uma maneira dinâmica e impressionante. Elias estava esperando um vento, um
terremoto e um fogo, mas o Senhor estava num som soprado suavemente. Em tempos de
desencorajamento, confiemos no Senhor, esteja ele agindo sensacionalmente ou
imperceptivelmente.
Deus deu a
Elias uma tarefa para cumprir. Ele lhe disse que ungisse Azael como rei sobre a
Síria e Jeú como rei de Israel, e Eliseu como seu próprio sucessor. Elias
precisava apressar-se; sua inatividade lhe havia dado simplesmente mais tempo
para se lamentar. Dificilmente, ficamos deprimidos quando estamos ativos. Mas
quando nos sentamos e remoemos um pensamento, então ficamos desanimados.
Finalmente, o
Senhor falou a Elias sobre os 7000 que jamais haviam se prostrado diante de
Baal. Elias não tinha percebido aqueles que eram os verdadeiros servos do
Senhor. Ele nunca tinha observado que não era realmente o único restante.
Quando estamos desencorajados, nossa tendência é pensar que tudo e todos estão
contra nós. Precisamos reconhecer as coisas boas como as más. Conquanto nossa
tendência possa ser nos retirarmos daqueles que nos elevariam, os momentos de
depressão são, muitas vezes, os próprios momentos em que precisamos mais da
amizade de nossos irmãos. Posso não estar com vontade de ir à igreja, ou passar
algum tempo com um irmão cristão, mas se eu fizer isso vou me sentir reanimado.
Aplicação
Os cristãos
ficam, às vezes, desanimados. Nesses momentos precisamos voltar-nos para o
Senhor e permitir que ele nos ajude a superar a depressão, para que não nos
enfraqueçamos e nos afastemos dele. E para nós, como para Elias, as soluções
são relativamente simples. Precisamos de mais confiança no Senhor, até mesmo
quando não o observamos operando de modos dramáticos. Precisamos nos levantar e
nos ocupar, deixando de pensar em nós mesmos. E precisamos ver o bem à volta de
nós e passar mais tempo com nossos irmãos.
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