AMAR E TEMER A DEUS
Algumas
pessoas tem dificuldade em entender como pode ser possível amar e temer ao
mesmo tempo. Essa dificuldade se dá principalmente porque o medo é o
significado mais usual para a palavra “temor”.
Ter temor
a Deus significa reverenciá-lo e respeitá-lo como Criador e Salvador. Temer a
Deus é a atitude esperada do crente verdadeiro diante do Deus Todo-Poderoso.
Mas temer ao Senhor não é o mesmo que ter medo ou pavor d’Ele; ao contrário, o
temor do Senhor está diretamente ligado ao amor e a gratidão a Ele.
Além disso, o
apóstolo João escreve que “no amor não há temor, antes o perfeito amor lança
fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em
amor” (1 João 4:18). Mas não há qualquer contradição entre esse versículo e a
exortação bíblica de que devemos temer a Deus. Vejamos:
Temer a Deus é
respeitá-Lo como sendo quem é; é reverenciá-Lo e obedecê-Lo baseado em toda a
revelação de Sua santidade, justiça, grandeza, misericórdia, benignidade,
vontade, amor, justiça e outros milhares de atributos revelados a nós. Algumas
passagens bíblicas demonstram claramente o significado do temor ao Senhor e
exemplificam como devemos praticá-lo:
– Temer a Deus
é adorá-Lo como o único Deus. “Não terás outros deuses diante de mim.” (Êxodo
20. 3)
– Temer a Deus
é tomarmos atitudes de santidade e pureza. “Tendo, pois, ó amados, tais
promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito,
aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2 Corintios 7. 1)
– Temer a Deus
é ser fiel a Ele em qualquer situação, cultivando um coração santo. “Deu-lhes
ordem, dizendo: Assim, andai no temor do SENHOR, com fidelidade e inteireza de
coração” (2 Crônicas 19. 9)
– Temer a Deus
é o início de uma vida de sabedoria. E a sabedoria é praticar a vontade de
Deus. “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os
que o praticam. O seu louvor permanece para sempre” (Salmos 111. 10)
– Temer a Deus
é aborrecer o mal. “O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a
arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço” (Provérbios 8. 13)
Assim, o temor de Deus é como o
oxigênio para a vida do discípulo. Sem temor a Deus não existe o discípulo. Mas
é igualmente verdade que aqueles que andam longe dos caminhos de Deus e que
praticam toda sorte de pecados e não se arrependem, devem temer a Deus (ter
medo dele), pois Ele virá julgar a cada um de nós com justiça e condenará a
todos quantos não se arrependeram de suas más obras e, assim O rejeitaram.
Amor e temor a Deus
Temer a Deus e
amá-lo acima de tudo são atitudes que se completam; são duas coisas
inseparáveis. Isto porque servir ao Senhor inclui necessariamente temor e amor.
Muitas pessoas enfatizam o amor a Deus, mas se esquecem do temor a Ele.
Porém, o
ensino bíblico correto diz que não basta apenas amar a Deus, é preciso também
temê-lo, assim como igualmente não basta simplesmente temê-lo, sem amá-lo. O
amor sem o temor é um amor vazio, superficial e desrespeitoso. Já o temor sem o
amor é simplesmente medo e pavor. Mas o amor com temor resulta numa entrega
completa, numa devoção plena, numa reverência e submissão total.
Por isso do
começo ao fim das Escrituras os crentes realmente são chamados a amar e temer a
Deus. Josué convocou os israelitas dizendo: “Agora, pois, temei ao Senhor e
servi-o com integridade e com fidelidade” (Josué 24:14). O apóstolo Paulo exorta
os crentes a aperfeiçoar a sua santidade no temor de Deus (2 Coríntios 7:1).
Portanto, o
temor do qual o apóstolo fala não é exatamente o temor a Deus no sentido de
reverência, mas é o temor do castigo divino por causa da iniquidade. Então isso
nos levar a entender que podemos falar em dois tipos de temor a Deus.
Os dois tipos de temor
de Deus
A Bíblia
mostra muitos casos de pessoas ímpias que temeram a Deus. Por exemplo: em Josué
2:9, lemos sobre como os cananeus temeram ao Senhor por causa de seu julgamento
iminente.
Isso significa que o temor a Deus
que essas pessoas demonstravam não era um temor de reverência, respeito e amor
que leva à obediência. Esse temor era simplesmente medo e pavor do castigo
divino. Não era um temor imbuído de arrependimento, mas era um temor
descontente porque o julgamento divino faria cessar suas práticas pecaminosas.
Nesse sentido até os demônios temem a Deus (cf. Tiago 2:19).
O livro do
Apocalipse deixa claro que esse tipo de temor é típico dos ímpios. Eles tentam
fazer de tudo para se esconder das mãos do Deus irado (Apocalipse 6:16).
Inclusive, eles são capazes até de dar glória a Deus por puro terror
(Apocalipse 11:13). De fato aqueles que estão longe de Deus possuem “uma certa
expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os
adversários” (Hebreus 10:27).
Já o temor a
Deus demonstrado pelo crente verdadeiro, não está relacionado ao medo, mas a
reverência à majestade do Senhor através do conhecimento de sua graça. Os fieis
devem temer a Deus, andar em seu caminho, amá-lo e servi-lo com todo coração e
alma, e guardar seus mandamentos e estatutos (Deuteronômio 10:12,13).
Como os crentes temem a
Deus?
O verdadeiro
temor a Deus por parte dos crentes é resultante da certeza do perdão divino
(Salmo 130:4). Então esse temor a Deus não é um medo ou pavor d’Ele. Os crentes
não temem a Deus no sentido de medo e pavor porque o castigo divino que eles
mereciam foi derramado sobre Jesus na cruz. Eles foram justificados pelos
méritos de Cristo e agora sabem que já não lhes resta nenhuma condenação
(Romanos 8:1).
Portanto, o
temor a Deus demonstrado pelo crente é uma admiração sincera e reverente ao
Deus Criador e Sustentador de todas as coisas. O temor a Deus é uma resposta de
confiança e gratidão do crente à graça divina que o redimiu. Esse temor é um
comprometimento pleno com a glória de Deus.
O escritor de
Provérbios diz que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Provérbios
9:10). Isso significa que o temor a Deus é o único fundamento para o verdadeiro
conhecimento. O salmista escreve que são sábios todos aqueles que cumprem os
mandamentos divinos pelo temor a Deus (Salmo 111:10). O escritor de Eclesiastes
diz que é dever do homem temer a Deus e guardar os seus mandamentos
(Eclesiastes 12:13).
Por isso o
escritor bíblico também diz que o temor a Deus “consiste em aborrecer o mal; a
soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa” (Provérbios 8:13).
Então aquele que verdadeiramente teme a Deus necessariamente irá andar conforme
a sua vontade.
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