O termo “uma carne” vem da descrição de
Gênesis da criação de Eva: “Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o
homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com
carne. E a costela que o SENHOR Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher
e a trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da
minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa
o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Ora,
um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam” (Gênesis
2:21-25).
O
termo “uma carne” significa que assim como o nosso corpo é inteiro e não pode
ser dividido em pedaços e ainda ser um inteiro, assim também Deus estabeleceu o
relacionamento matrimonial. Não há mais duas entidades (dois indivíduos), mas
agora há apenas uma entidade (um casal). Essa nova união tem várias
características.
Quanto
à duração da união, Jesus diz que Deus criou o casamento para que o casal
permanecesse junto até que a morte os separasse (Mateus 19:6). Quando divórcio
acontece contrário ao plano de Deus, você não tem dois “inteiros”, mas sim duas
metades que foram separadas bruscamente uma da outra. Quanto a ligações
emocionais, a nova unidade é mais importante do que todos os relacionamentos
prévios e futuros (Gênesis 2:24ª). Algumas pessoas, mesmo depois de casados,
dão mais atenção ao seu relacionamento com seus pais do que ao seu cônjuge.
Essa é uma receita para desastre em um casamento e é uma distorção da intenção
original de Deus de “deixar e unir”. Um problema semelhante pode desenvolver
quando o marido ou a esposa começa a se aproximar de um filho/a com a intenção
de que ele/a cuide de suas necessidades emocionais, ao invés de depender de seu
cônjuge.
Voltando
ao princípio de tudo, Deus nos ensina que ao nos casarmos, devemos deixar pai e
mãe e nos tornarmos UM com o nosso cônjuge. Isto é casamento: “Por essa
razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão
uma só carne.” Gênesis 2:24. Uma cerimônia religiosa, a bênção de
um pastor ou de um padre, um documento no cartório e uma festa milionária não
tem poder algum de unir um casal em amor. Casamento se faz todos os dias. E se
você acha que o que estou dizendo é besteira, me diga: Quantos casais
(inclusive cristãos) tiveram uma linda cerimônia, foram abençoados pelo líder
da comunidade, assinaram os papéis no cartório, gastaram fortunas com a festa e
hoje estão separados ou vivem um inferno matrimonial?
Muitos
gostam de utilizar aquele famoso versículo de Marcos 10:9: “Portanto, o
que Deus uniu, o homem não separe”. Querido, este versículo só se
torna real se for aplicado conforme o contexto. Se ler todo o capítulo, vai
entender que Jesus está falando sobre os casais que realmente se tornaram
uma só carne! Estes sim terão o seu casamento guardado por Deus. Viver uma só
carne não é uma decisão que você toma apenas no dia do seu casamento. É uma
prática diária, até que a morte os separe!
Mas afinal, o que é se tornar uma só carne?
Quando
assumimos um compromisso de casamento, não podemos mais agir como se fôssemos
solteiros e independentes. O dinheiro não é mais meu, é nosso. As contas não
podem mais ser divididas entre minhas e suas, elas são nossas. Muitos casais
enfrentam grandes problemas na área financeira porque ainda não aprenderam a
ser uma só carne nessa questão. Os dois salários se tornam um (caso ambos
tenham renda) e as despesas se tornam da família. A forma que esse dinheiro
será usado não pode ser decidida apenas por um dos cônjuges, mas pelos dois. É
claro que você não vai ligar para o seu marido cada vez que comprar um pão, mas
também não deve comprar uma TV sem consultá-lo, ainda mais se suas condições
financeiras não permitem. Gastos com valores altos devem ser decididos em
conjunto (a não ser que seja um presente surpresa e vocês tenham condições para
isso). Deve existir transparência e equilíbrio. Uma sugestão que costumo dar é
que o casal estipule um limite de valor. Por exemplo: “Para compras acima de R$
100,00 devemos consultar um ao outro.” Dessa forma, evitarão questionamentos
desnecessários: “O seu dinheiro já acabou? Como assim? Com o que gastou?” ou
“Será que o salário que ele (a) recebe é exatamente este? Será que ele está
escondendo alguma coisa?” Quando os cônjuges agem com transparência na área
financeira, as portas para a desconfiança permanecem trancadas.
Emocionalmente,
espiritualmente, intelectualmente, financeiramente e de toda outra forma, o
casal deve se tornar um. Assim como uma parte do corpo cuida das outras partes
(o estômago digere comida para o corpo, o cérebro dirige o corpo para o bem do
corpo inteiro, as mãos trabalham a favor do corpo, etc.), assim também cada
parceiro do casamento deve mostrar carinho e cuidado um pelo outro. Cada um não
deve ver dinheiro ganho como “meu” dinheiro, mas sim como “nosso” dinheiro.
Efésios 5:22-23 e Provérbios 31:10-31 demonstram esse princípio de “unidade”
colocado em prática para o marido e sua esposa respectivamente.
Fisicamente:
Eles se tornam uma só carne e o resultado de ser uma só carne pode ser
encontrado nos filhos que essa união produz; esses filhos agora contêm
informação genética como resultado dessa união. E até mesmo no aspecto sexual
desse relacionamento, eles não devem considerar seus corpos como pertencentes a
si mesmo, mas ao seu cônjuge (1 Coríntios 7:3-5). Eles também não devem se
focalizar em seu próprio prazer, mas em dar prazer ao seu cônjuge.
Essa
união e a busca do que é melhor para o outro não é uma coisa automática,
principalmente depois da queda da humanidade em pecado. O homem, em Gênesis
2:24, é ordenado a “unir-se” a sua esposa. Essa palavra representa duas ideias.
Uma é a de ser “colado” em sua esposa, um retrato de quão estreito o
relacionamento matrimonial deve ser. O outro aspecto é o de
“perseguir/conquistar sua esposa persistentemente”. Essa ideia de “perseguir”
deve ir além do namoro que leva ao casamento e deve continuar por todo o
casamento. A tendência da carne é a de fazer o que “me faz sentir bem”, ao
invés de considerar o que vai beneficiar seu cônjuge. Esse tipo de egoísmo é um
problema comum que surge no casamento quando a “lua-de-mel acaba”.
Por mais legal que seja viver
juntos cuidando das necessidades um do outro, Deus tem um propósito mais
importante para o casamento. Assim como eles estavam servindo a Cristo com suas
vidas antes do casamento (Romanos 12:1-2), agora devem servir a Cristo juntos
como uma unidade e criar seus filhos para servir a Deus (1 Coríntios 7:29-34;
Malaquias 2:15; Efésios 6:4). Priscila e Áquila, em Atos 18, são um bom exemplo
disso. À medida que um casal almeja a servir ao Senhor juntos, o gozo que o
Espírito dá vai encher o seu casamento (Gálatas 5:22-23). No jardim do Éden,
três pessoas estavam presentes (Adão, Eva e Deus) e gozo fazia parte desse
relacionamento.
Portanto, quando Deus está no centro do
casamento nos dias de hoje, também vai haver gozo. Sem Deus, uma união
duradoura não é possível.
Se você casou, então assuma as
suas responsabilidades. Não seja egoísta e imaturo! É muito mais confortável
tomar decisões sozinho e viver na barra da saia da mãe, eu também acho, mas
solteiros fazem isso, casados não! E se fazem, estão dando um passo rumo ao
divórcio.
Se você não tem vivido como uma só carne com seu
cônjuge em TODAS as áreas, TODAS as situações e TODOS os dias, sinto-lhe dizer:
O seguinte versículo não se aplica ao seu casamento:“Portanto o que Deus
uniu não separe o homem” Mc 10:9. Por isso te convido e refletir,
tomar a decisão de se unir a seu cônjuge, deixar pai e mãe e vivenciar a
fantástica experiência de “uma só carne”!
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