Distinguir o Pecado da
Fraqueza
As limitações
e inadequações não são pecados e não nos impedem de ser puros e dignos do Espírito.
“Sou mesmo digno de
entrar na casa de Deus? Como posso ser se não sou perfeito?”
“Deus pode mesmo
transformar minha fraqueza em força?"
"Jejuei e orei durante dias para que esse problema fosse tirado de mim, mas parece que nada está mudando.”
"Jejuei e orei durante dias para que esse problema fosse tirado de mim, mas parece que nada está mudando.”
Vivi o
evangelho de modo mais sistemático do que em qualquer outra época de minha
vida, mas nunca estive tão ciente de meus defeitos. Por que às vezes me sentia
tão ruim quando estava sendo tão bom?
Ao refletirmos
sobre essas perguntas, é crucial compreender que, embora o pecado inevitavelmente
nos distancie de Deus, a fraqueza, ironicamente, pode conduzir-nos
a Ele.
PECADO X FRAQUEZA
Em geral,
pensamos tanto no pecado quanto na fraqueza como manchas negras na tapeçaria de
nossa alma, apenas com variações de tamanho e graus diferentes de transgressão.
Mas as escrituras indicam que o pecado e a fraqueza são intrinsecamente
distintos, exigem remédios específicos e têm o potencial de produzir resultados
diferentes.
A
maioria de nós conhece melhor o pecado do que gostaria de admitir, mas
lembremos: o pecado é a escolha de desobedecer aos mandamentos de Deus ou
rebelar-nos contra a Luz de Deus dentro de nós. O pecado é a escolha de confiar
mais em Satanás do que em Deus, pondo-nos em posição de inimizade com nosso
Pai. Ao contrário de nós, Jesus Cristo não tinha absolutamente nenhum pecado e
pôde expiar nossos pecados.
Tornar-se
puro é essencial, pois nada impuro pode habitar na presença de Deus. Mas se
nossa única meta fosse ser tão inocentes quanto éramos quando saímos da
presença de Deus, melhor seria nem sair do berço até o fim da vida. Na verdade,
viemos a Terra para aprender pela experiência a distinguir o bem do mal,
crescer em sabedoria e conhecimento, viver valores que nos são caros e adquirir
características divinas — um progresso que não podemos fazer nos limites
seguros de um berço. A fraqueza humana desempenha um papel importante nesses
propósitos essenciais da mortalidade “E se os homens vierem a mim,
mostrar-lhes-ei sua fraqueza. E dou a fraqueza aos homens a fim de que sejam
humildes; e minha graça basta a todos os que se humilham perante mim; porque
caso se humilhem perante mim e tenham fé em mim, então farei com que as coisas
fracas se tornem fortes para eles” (I Co. 15:42-44, II Co. 12:7-10 ).
As
consequências dessa escritura tão conhecida são profundas e nos convidam a
distinguir o pecado (incentivado por Satanás) da fraqueza (descrita aqui como
uma condição “dada” a nós por Deus).
Podemos definir a
fraqueza como a limitação de nossa sabedoria, santidade e nosso poder que é
inerente a nossa condição humana. Como mortais, nascemos frágeis e dependentes,
com várias debilidades e predisposições físicas. Somos criados por outros
mortais fracos e vivemos cercados por eles. Seus ensinamentos, seu exemplo e
sua maneira de tratar-nos também são falhos e às vezes nos fazem mal. Em nosso
estado frágil e mortal, sofremos enfermidades físicas e emocionais, fome e
fadiga. Vivenciamos emoções humanas como raiva, tristeza e medo. Falta-nos
sabedoria, conhecimento, resistência e força. E estamos sujeitos a tentações de
muitos tipos.
Embora
não tivesse pecado, Jesus Cristo assumiu plenamente a fraqueza mortal, tal como
nós ( II Co. 13:4)Ele nasceu como uma criança
indefesa num corpo mortal e foi educado por humanos imperfeitos. Precisou
aprender a andar, falar, trabalhar e relacionar-Se com as pessoas. Sentia fome,
cansaço, todas as emoções humanas e podia ficar doente, sofrer, sangrar e
morrer. Ele “em tudo foi tentado, mas sem pecado”, submetendo-se à mortalidade
a fim de poder “compadecer-se das nossas fraquezas” e socorrer-nos em nossas enfermidades
ou debilidades (Heb. 4:15).
Simplesmente
não podemos nos arrepender do fato de ser fracos — e a fraqueza em si não nos
torna impuros. Não podemos crescer espiritualmente a menos que rejeitemos o
pecado, mas também não crescemos espiritualmente a menos que aceitemos nosso
estado de fraqueza humana, lidemos com ela com humildade e fé e aprendamos por
meio de nossa fraqueza a confiar em Deus. O Senhor ensinou-o a ser humilde e a
ter fé em Cristo. Se formos mansos e fiéis, Deus oferece graça — não perdão —
como o remédio para a fraqueza. O Guia para Estudo das Escrituras define a
graça como o poder capacitador de Deus para fazermos o que não conseguimos
sozinhos (ver o Guia para Estudo das Escrituras, “Graça”) — o remédio divino
adequado por meio do qual Ele pode “[fazer] as coisas fracas [se tornarem]
fortes”.
Distinguir o Pecado da Fraqueza
Pecado
|
Fraqueza
|
|
Definição?
|
Desobediência deliberada a Deus
|
Limitação, debilidade humana
|
Fonte?
|
Incitado por Satanás
|
Parte de nossa natureza mortal
|
Exemplos?
|
Violar conscientemente os
mandamentos de Deus, crer em Satanás e não em Deus
|
Suscetibilidade à tentação,
emoção, fadiga, enfermidade física ou mental, ignorância, predisposições,
trauma, morte
|
Jesus tinha?
|
Não
|
Sim
|
Qual deve ser nossa reação?
|
Arrependimento
|
Humildade, fé em Cristo e
empenho para superar
|
E qual será a reação de
Deus?
|
Perdão
|
Graça — um poder capacitador
|
Qual será o resultado?
|
Ser purificado do pecado
|
Adquirir santidade, força
|
Exercer Humildade e Fé
Desde
nossos primeiros passos na Igreja, foram-nos ensinados os elementos essenciais
do arrependimento, mas como exatamente podemos promover a humildade e a fé?
Considere o seguinte:
Ponderar e orar. Já
que somos fracos, talvez não reconheçamos se estamos lidando com o pecado (que
exige uma total e imediata mudança de mente, coração e comportamento) ou com a fraqueza (que
exige empenho, aprendizado e aperfeiçoamento humildes e contínuos). A maneira
de encararmos essas coisas pode depender de nossa experiência e maturidade.
Pode até haver elementos tanto de pecado quanto de fraqueza num único
comportamento. Se dissermos que um pecado é na verdade uma fraqueza, acabaremos
por racionalizar em vez de nos arrependermos. Se dissermos que uma fraqueza é
um pecado, poderemos sentir vergonha, desespero e até desistir das promessas de
Deus. Ponderar e orar nos ajuda a fazer essas distinções.
Priorizar. Como
somos fracos, não podemos fazer todas as mudanças necessárias de uma só vez. Ao
lidarmos com humildade e fidelidade com nossa fraqueza humana, alguns aspectos
por vez, podemos gradualmente reduzir a ignorância, transformar bons padrões em
hábitos, aumentar nossa saúde e nosso vigor emocionais e físicos e fortalecer
nossa confiança no Senhor. Deus pode nos ajudar, a saber, por onde começar.
Planejar. Como
somos fracos, para fortalecer-nos precisaremos de muito mais do que um desejo
justo e de bastante autodisciplina. Também precisamos planejar, aprender com
erros, desenvolver mais estratégias eficazes, reavaliar nossos planos e tentar
de novo. Necessitamos da ajuda das escrituras, de livros relevantes e de outras
pessoas. Começamos aos poucos, regozijamo-nos nas melhoras e corremos riscos
(ainda que isso nos faça sentir-nos vulneráveis e fracos). Precisamos de apoio
para fazer boas escolhas mesmo que estejamos cansados ou desanimados e
precisamos traçar planos para voltar ao caminho correto quando tropeçarmos.
Exercer paciência. Já
que somos fracos, as mudanças podem demorar. É simplesmente impossível
renunciarmos a nossa fraqueza como renunciamos ao pecado. Os discípulos
humildes fazem de bom grado o que é preciso, aprendem resiliência, continuam se
empenhando e não desistem. A humildade nos ajuda a ter paciência com nós mesmos
e com os outros que também são fracos. A paciência é uma manifestação de nossa
fé no Senhor, da gratidão por Sua confiança em nós e de nossa convicção de que
Ele cumprirá Suas promessas.
Mesmo
quando nos arrependemos sinceramente, alcançamos perdão e ficamos puros de
novo, permanecemos fracos. Ainda estamos sujeitos às doenças, às emoções, às
predisposições, à fadiga e às tentações. Mas as limitações e
inadequações não são pecados e não nos impedem de ser puros e dignos do
Espírito.
Da Fraqueza à Força
Ainda
que Satanás esteja ansioso para usar nossa fraqueza para nos incitar ao pecado,
Deus pode usar a fraqueza humana para nos ensinar, fortalecer e abençoar.
Todavia, ao contrário do que poderíamos esperar ou ansiar, Deus nem sempre faz
“as coisas fracas [se tornarem] fortes” para nós eliminando nossa fraqueza.
Quando o Apóstolo Paulo orou repetidamente para que Deus retirasse um “espinho
na carne” que Satanás usava para afligi-lo, Deus respondeu: “A minha graça te
basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (II Co. 12:7-9)
Há
muitas maneiras pelas quais o Senhor “[faz] as coisas fracas [tornarem-se]
fortes”. Ainda que Ele possa eliminar a fraqueza por meio da cura excepcional
que esperamos...
Deus também pode transformar as coisas fracas
em fortes ajudando-nos em nosso empenho para vencer nossas fraquezas, para
ganhar um senso de humor adequado ou a perspectiva correta sobre elas e para
melhorá-las gradualmente, no devido tempo. Da mesma forma, as forças e
fraquezas tendem a estar inter-relacionadas (como a força da perseverança e a
fraqueza da obstinação), e podemos aprender a valorizar a força e a amenizar a
fraqueza que a acompanha.
O
amor, sabedoria e o poder redentor de Deus ficam mais evidentes do que nunca em
sua capacidade de transformar nossa luta contra a fraqueza humana nas virtudes
e forças divinas inestimáveis que nos tornam mais semelhantes a Ele.
Distinguir a Culpa Construtiva (Tristeza
Segundo Deus) e a Humildade da Vergonha Ilusória e Inútil
Culpa Construtiva — Tristeza
Segundo Deus pelo Pecado
|
Fé e Humildade — Mansidão
Cristã na Fraqueza
|
Vergonha Destrutiva —
Substituto Ilusório e Inútil
|
Tendemos a:
Sentir remorso por violar nosso
código moral.
Arrepender-nos, passar por uma
mudança de mente, coração e comportamento.
Abrir-nos, confessar nossos
erros e repará-los.
Crescer e aprender.
Ver a nós mesmos como pessoas
intrinsecamente boas e de valor.
Desejar harmonizar nosso
comportamento com nossa autoimagem positiva.
Confiar plenamente no poder
redentor da Expiação de Cristo.
|
Tendemos a:
Sentir uma segurança serena e
autoaceitação apesar de nossos defeitos.
Assumir riscos para crescer e
fazer contribuições.
Assumir a responsabilidade por
nossos erros e ter o desejo de melhorar.
Aprender com os erros e fazer
novas tentativas.
Desenvolver senso de humor e
aproveitar a vida e o convívio com as pessoas.
Encarar nossa fraqueza como
algo que temos em comum com os outros.
Ser pacientes com as fraquezas
e falhas alheias.
Aumentar nossa confiança no
amor e auxílio de Deus.
|
Tendemos a:
Sentir-nos imprestáveis e
desesperançosos.
Tentar esconder nossa fraqueza
dos outros.
Ter medo de ser desmascarados.
Culpar os outros pelos
problemas.
Evitar assumir riscos por
considerarmos o fracasso humilhante.
Competir e comparar-nos com os
outros.
Ficar na defensiva e tornar-nos
obstinados ou sem iniciativa.
Ser sarcásticos ou
excessivamente sérios.
Ficar obcecados com nossas
falhas ou nossa superioridade.
Temer a rejeição e desaprovação
de Deus.
|
O Milagre da Expiação
“Restaurar
o que não podemos restaurar curar o que não podemos curar consertar o que
quebramos e não conseguimos reparar: eis o propósito da Expiação de Cristo”. (…).
Repito:
exceto para os poucos que decidem seguir o caminho da perdição, não há hábito,
vício, rebelião, transgressão, apostasia nem crime que não se inclua na
promessa de total perdão. “Essa é a promessa da Expiação de Cristo.”
DEUS SEJA LOUVADO POR SUA MISERICÓRDIA PARA TODO
O SEMPRE
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