Para
início de conversa é necessário buscar a definição do termo nômade: “O
nomadismo é a prática dos povos nômades, ou seja, que não têm uma habitação
fixa, que vivem permanentemente mudando de lugar. Usualmente são os povos do
tipo caçadores-coletores ou pastores, mudando-se a fim de buscar novas
pastagens para o gado, quando se esgota aquela em que estavam. Os nômades não
se dedicam à agricultura e frequentemente ignoram fronteiras nacionais na sua
busca por melhores pastagens”.
Por
essa definição, entendo que a falta de uma habitação fixa e a premente
necessidade de alimento são as principais causas das frequentes mudanças.
Confronto essa realidade nômade com a Palavra de Deus e observo que o nomadismo
tem tudo a ver com aquilo que deveria ser a realidade do crente.
A
famigerada “teologia da prosperidade” produziu uma nova categoria de
evangélicos; os nômades da fé´. Mas quem são? Como vivem?
Ao
decepcionar-se numa igreja, o crente vai em busca de outra. Nas grandes
cidades, detecta Romeiro, há um contingente significativo de evangélicos que
circulam, constantemente, de igreja em igreja, constituindo o fenômeno que os
sociólogos chamam de “trânsito religioso”.
“Os
nômades da fé”, buscam respostas imediatas aos problemas, “uma vez que vivemos
na era da velocidade. Se as respostas não chegam rápido, o sujeito procura uma
nova igreja”.
E o que essas pessoas que são atraídas às
igrejas neopentecostais buscam? Que fiquem ricas, sejam curadas de todo tipo de
doença e que todos os seus problemas sejam resolvidos, desde a falta de
dinheiro até a falta de emprego. Essas são promessas da teologia da
prosperidade, que propõe banir a pobreza, a doença, etc.
O
problema não está na prosperidade, mas na teologia da prosperidade ensinadas nas igrejas que afirmam que o crente
“deve morar em mansão, ter carrões, muito dinheiro e nunca ficar doente. Quando
isso não acontece, é porque ele está sem fé, em pecado ou debaixo do poder de
Satanás”.
Vamos
analisar a lógica; “Ora, se formos avaliar a vida espiritual de uma pessoa pela
casa onde mora, pelo carro e saldo bancário, temos que concluir que muitos
jogadores de futebol e artistas têm uma comunhão com Deus fora do comum. E isso
não é verdade”.
Hoje
em dia as pessoas na igreja funcionam na base da emoção, e não pela reflexão. A
teologia da prosperidade e todo esse clima de emoção têm forte apoio na mídia,
um instrumento que as igrejas neopentecostais sabem trabalhar muito bem. “Creio
que o fator principal que garante a sobrevivência do movimento neopentecostal é
o seu investimento pesado na mídia e o seu sucesso em colocar a igreja no
mercado e as políticas do mercado na igreja”. Isso ainda vai durar algum tempo,
representando crescimento dos principais grupos neopentecostais no Brasil. Mas
não têm mais o mesmo ímpeto que tinha no passado. Percebe-se que na medida em
que os adeptos vão se decepcionando com a mensagem e a falta de ética de alguns
segmentos neopentecostais, creio que haverá uma volta à Bíblia por parte de
muitos. Por isso, as igrejas cristãs devem estar preparadas para receber e
ajudar tais pessoas.
A evidente falta de identidade que grande parte dos nômades da fé tem é justamente em virtude das patifarias praticadas nos ministérios atualmente. Neste reino mundano o ministério bíblico é sufocado, os contradizentes são tratados como inimigos de estado, e os dissidentes como traidores. Em suas catedrais os pregadores sensatos e fiéis são reputados como pessoas nocivas e perigosas, o evangelho é deturpado ao bel prazer.
A
pergunta que não quer calar: Que Evangelho é esse que não afeta a sociedade
para melhor nem transforma pecadores em santos? O neopentecostalíssimo, definiu, é “vigoroso
na sua ação evangelizadora, na capacidade de agrupar pessoas, mas frágil na sua
ação disciplinadora”.
Up
ResponderExcluir