É importante
antes de tudo, entender o que é um justo. O primeiro exemplo bíblico de um
homem justo foi o do patriarca Noé, pois ele era “homem justo, íntegro entre o
povo de sua época” (Gn 6.9a) e quando Deus falou com Noé disse: “você é o único
justo que encontrei nesta geração” (Gn 7.1). Mas o que definia Noé como sendo
justo era que “ele andava com Deus” (Gn 6.9b), este é o princípio do homem
justo. Para ser justo é necessário andar com Deus e ser justificado por Ele.
“Pois o Senhor é justo, e ama a justiça; e os retos verão a sua face” (Sl
11.7).
Portanto
somente é justo aquele que é justificado por Deus e para isso necessita
arrepender-se de seus maus caminhos e tomar os caminhos de Deus, somente é
justo aquele que anda com Deus, pois este é justificado por Ele. Jesus
justificou a todos na cruz, mas só os que Nele creram “Aquele que nem mesmo a
seu próprio filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará
também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de
Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8.32-33), pois “não há nenhum justo, nem um
sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus” (Rm 3.10).
Somente são justos os que estão debaixo da justificação de Deus através do
sacrifício de Jesus.
Mas nem mesmo
o justo Noé deixou de passar por provações tremendas, imagine nos dias de hoje
Deus pedindo a um de nós que construamos uma Arca para resistir a um dilúvio
universal. Imagine como ficou a cabeça de Noé durante o período de construção
da Arca, as pessoas passando por perto e chamando o Noé de louco, ou então a
esposa de Noé olhando o trabalho do marido e perguntando a ele se ele tinha
certeza do que está fazendo. Imagine os filhos sofrendo com o julgamento e o
escárnio dos vizinhos e amigos por causa da “loucura” do pai. Mas Noé não
desistiu e teve sua família a seu lado. Mas ao final de todo este período de
provações, Noé e sua família foram os únicos poupados de toda a humanidade e
Deus firmou uma aliança com Noé, “Vou estabelecer minha aliança com vocês e com
seus futuros descendentes” (Gn 9.9). Noé venceu a tristeza e após este período
de tribulações, Noé, experimentou a graça de Deus e sua misericórdia.
Creio que existem
duas causas de um crente sofrer. A primeira causa é vinda do pecado, é o
sofrimento decorrente da desobediência a Deus ou em decorrência de ações e
decisões incorretas, como por exemplo quando um crente toma uma decisão
precipitada sem consultar a Deus. Sem consultar a Deus o crente toma decisões
que vão contra o plano de Deus para nossas vidas, iremos sofrer, pois nossos
planos irão fracassar, pois não estamos agindo conforme a vontade do Senhor. E
quando pecamos, estamos abrindo uma brecha para que Satanás possa agir naquela
área em que estamos pecando, e então passamos a sofrer.
A outra forma
de um justo sofrer é quando este é provado por Deus. Quando Deus coloca o
crente num momento limite de crise, visando seu crescimento. Para crescer, o
cristão, terá de ser provado. Esta provação pode lhe causar um passageiro
sofrimento. Porém, se o crente hesitar ou não aceitar a prova a que está sendo
submetido, não poderá vencê-la e então o sofrimento se estenderá na vida
daquela pessoa até que ela compreenda o que se passa com ela e então poderá
vencer aquela tribulação.
Sem esquecer que
o sofrimento pode vir de desobediência ou em consequência do pecado, creio que
o sofrimento do justo ocorre geralmente em decorrência de uma provação à que
este está sendo submetido por Deus. Somente sofre porque está sendo provado por
Deus. Pois “o Senhor prova o justo” (Sl 11.5). Pois o Senhor nos alerta: “Filho
meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enojes da sua repreensão; Porque
o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer
bem” (Pv 3.11-12). A disciplina de Deus para Seus filhos amados pode causar
sofrimentos, pois nós, Seus filhos, nem sempre conseguimos discernir aquilo que
é melhor para nós, mas o Senhor sabe.
Mas porque o
Senhor prova o justo? Porque Deus nos prova? Certa vez ouvi uma pregação em que
o pastor falava que assim como na escola ou na faculdade nós precisamos de uma
prova, algo que teste nossas capacidades a fim de verificar se temos condições
de passar de ano, de sermos aprovados. Assim também acontece conosco, quando
Deus em Seu plano para nossas vidas deseja que nós cresçamos espiritualmente é
necessário que sejamos provados a fim de podermos ser aprovados. A provação tem
um caráter educativo. E esta provação pode nos causar sofrimento. Mas o
sofrimento é uma provação e é igualmente um meio didático que o Senhor usa na
vida dos crentes. “Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que
recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque,
que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estai sem disciplina, da qual
todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos” (Hb
12.6-8). Mas não são raras às vezes em que o agir de Deus e a Sua direção em
nossas vidas continuará sendo um mistério para nós, principalmente quando Ele
manda sofrimento e tristeza. Mas Deus nos revela na Epístola aos Hebreus que
“toda correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas
depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (Hb 12.11).
A História de
JÓ é um exemplo típico desta provação de Deus. JÓ era um homem justo e temente
a Deus. Porém o Senhor permitiu que Satanás atuasse na vida de JÓ trazendo a
ele sofrimentos inacreditáveis. Porém ao final do livro de JÓ, JÓ diz que “Meus
ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram. Por
isso menosprezo a mim mesmo e me arrependo no pó e na cinza”. (JÓ 42.5-6). Ou
seja, JÓ compreendeu os motivos de seu sofrimento e pôde, então, compreender a
Deus, até aquele momento JÓ conhecera a Deus somente pelo que lhe haviam contado
a respeito de Deus, mas agora JÓ estava conhecendo a Deus pessoalmente e Deus o
abençoou grandemente.
Mas Como
podemos ficar consolados em tempos de angústia? O Apóstolo Pedro nos diz que
"alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de
Cristo, para que também na revelação de sua glória vos alegreis exultando"
(1 Pe 4.13). Em tempos de sofrimento ninguém mais consegue ajudar aquele que
sofre a não ser o Senhor. Devemos entregar nosso sofrimento a Deus e esperamos
nEele. Paulo em sua Primeira Epístola aos Tessalonicenses, nos diz
“Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo daí graças, porque esta é a
vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5.16-18). Devemos estar
atentos para os caminhos que temos seguido e confiar em Deus dando-lhe glória
em todas as coisas e em todas as circunstâncias. Pois Deus " lhes enxugará
dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem
pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram. E aquele que está assentado
no trono disse: Eis que faço novas todas as cousas. E acrescentou: Escreve,
porque estas palavras são fiéis e verdadeiras (...) O vencedor herdará estas
cousas, e eu lhe serei Deus e ele me será filho" (Ap 21.4-5,7).
Paulo
inspirado pelo Espírito Santo nos traz consolo e confiança ao afirmar que
"Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não
são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós." (Rm 8.18).
Devemos esperar em Deus e buscar a solução para nossos sofrimentos em nosso
Senhor, não há outro a quem possamos recorrer, somente Deus nos libertará.
Temos que compreender que se somos filhos de Deus, estamos debaixo de Sua
autoridade e devemos lhe render glórias em todas as circunstâncias de nossas
vidas, pois somente Deus pode nos ensinar algo até naquilo que não podemos
compreender.
Lembremos que
se somos justos é porque Deus nos justificou através do sacrifício de Jesus
Cristo na cruz e que portanto estamos livres da condenação, pois ninguém nos
poderá condenar. “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem
será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio filho poupou, antes o
entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem
intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem
os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os
mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos
separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a
fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti
somos entregues à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas para o
matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que
nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem
os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura,
nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.31-39).
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