Qual Era a
Doutrina dos Nicolaítas?
Os nicolaítas eram pessoas que
procuravam difundir ensinos contrários ao verdadeiro Evangelho. Objetivo dessas
pessoas era o de corromper a Igreja de Cristo e perverter o genuíno culto ao
Senhor. Por isto, o significado de “nicolaítas” na Bíblia está relacionado ao
fato de serem pedra de tropeço na Igreja de Deus.
Se compararmos as igrejas de hoje com a Igreja de Pérgamo lamentavelmente vertemos que este mal ainda é uma triste realidade que deve ser combatida.
Os nicolaítas
na Bíblia
Este grupo aparece pela primeira
vez em Apocalipse 2:6, quando Jesus elogia a Igreja de Éfeso por odiar as obras
dos nicolaítas: “Entretanto, há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas
dos nicolaítas, as quais eu também odeio”.
A segunda referência aos
nicolaítas na Bíblia está registrada no mesmo capítulo 2 do livro do
Apocalipse. Porém, desta vez eles são mencionados na carta endereçada a Igreja
em Pérgamo: “No entanto, tenho contra ti algumas coisas: você tem aí pessoas
que se apegam aos ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas contra
os israelitas, induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a
praticar imoralidade sexual. De igual modo você tem também os que se apegam aos
ensinos dos nicolaítas” (Apocalipse 2:14,15).
Diferentemente da carta a Igreja
em Éfeso, os cristãos de Pérgamo não receberam um elogio da parte do Senhor. Ao
contrário disso, eles foram duramente repreendidos por tolerarem os ensinos dos
nicolaítas.
Quem eram os nicolaítas?
Não é muito fácil afirmar com
exatidão quem eram os nicolaítas. Na verdade, ao longo da História da Igreja,
diferentes teorias foram apresentadas para tentar explicar a origem dos
nicolaítas.
Alguns entendem que os nicolaítas
eram seguidores de Nicolau. Nicolau era um prosélito de Antioquia que foi
designado diácono na Igreja em Jerusalém (Atos 6:5). Esta interpretação foi
defendida por Irineu e Hipólito (séculos 2 e 3 d.C.), mas não há qualquer
evidência concreta a seu favor. Por este motivo é correto considerá-la com
desconfiança.
Outros entendem que os nicolaítas
formavam uma seita gnóstica que procurava se infiltrar nas comunidades cristãs
com o objetivo de semear seus ensinos heréticos. Por último, há quem entenda
que os nicolaítas eram simplesmente aquelas pessoas que seguiam e divulgavam os
ensinamentos dos falsos apóstolos e falsos profetas. Esta última alternativa
talvez seja a mais provável, e se harmoniza melhor com a exegese do texto.
Qual era a doutrina dos
nicolaítas?
Considerando que os nicolaítas
eram pessoas que seguiam os falsos apóstolos e profetas, podemos ter alguma
ideia do tipo de coisa que eles ensinavam. Devemos notar que o Senhor Jesus
parece estabelecer um tipo de paralelismo entre os nicolaítas e Balaão (Apocalipse
2:14).
Balaão aparece no Antigo
Testamento como alguém que tentou conquistar pessoas através da fraude e do
engano. Assim, da mesma forma com que Balaão tentou prejudicar o povo de Israel
com profecia enganadora, os nicolaítas tentavam destruir a Igreja de Cristo
através de doutrinas falsas.
Além disso, o nome grego Nikolaos
significa “ele conquista pessoas”. Esse nome pode ter sido aplicado no
Apocalipse como um tipo de alegoria helenizada para se referir exatamente a
pratica de Balaão como corruptor de Israel. Assim, os nicolaítas, do grego
nikolaites, pode significar algo como “conquista do povo”, no sentido de
destruição.
De qualquer forma, Jesus
repreendeu a Igreja de Pérgamo por aceitar pessoas que seguiam a doutrina de
Balaão. Da mesma forma com que Balaão ensinava Balaque a lançar tropeços diante
dos filhos de Israel, tais pessoas também buscavam lançar tropeços entre os
cristãos. Eles procuravam induzir os crentes a comerem de banquetes pagãos e a
se prostituírem. Práticas semelhantes também tinham ocorrido entre os
israelitas nos dias de Balaão (Números 25:1,2; 31:16).
É por isto que os nicolaítas
aparecem na literatura cristã da época dos pais da Igreja como sendo pessoas
amantes do prazer, caluniadoras, corruptoras de sua própria carne e que viviam
uma vida devassa. Assim, certamente os nicolaítas eram pessoas comprometidas
com o mundo pecaminoso. Eles participavam e incentivavam outras pessoas a se
entregarem às festas, rituais, práticas e banquetes imorais e idolatras dos
pagãos.
Aqui vale considerar um detalhe
importante relacionado ao contexto histórico. Nos dias em que o Apocalipse foi
escrito, deixar de comer alimentos sacrificados a ídolos e recusar-se a
frequentar as festas do paganismo, implicava praticamente no isolamento social
e econômico. A vida daquela sociedade girava em torno dessas festas, e o
comércio tinha como patronos as deidades cultuadas nelas. Saiba sobre o
contexto do livro do Apocalipse.
Tudo isso significava que um
cristão verdadeiro que abstivesse desse comportamento pecaminoso, provavelmente
perderia seu emprego, sua influência social e seria considerado excluído da
sociedade. Os nicolaítas, por sua vez, procuravam contornar essa situação. Eles
tentavam misturar elementos do paganismo dentro da Igreja de Cristo, e ainda
acreditavam poder justificar suas práticas pecaminosas.
O tempo passou, mas pessoas
semelhantes aos nicolaítas continuam por aí. Essas pessoas levam um estilo de
vida imoral e corrupto. Elas tentam se infiltrar entre os cristãos com o
objetivo de perverter a verdade do Evangelho. No entanto, a sentença já foi
dada por Cristo: “[…] contra eles batalharei com a espada da minha boca”
(Apocalipse 2:16).
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