A Páscoa é uma
celebração judaica instituída por Moisés seguindo uma ordem específica do
próprio Deus. O significado da Páscoa para os cristãos está diretamente
relacionado à morte e ressurreição de Cristo. A Páscoa é a celebração da morte
e ressurreição de Jesus, o acontecimento mais importante para todos os
cristãos. É celebrada todos os anos num domingo, entre 22 de Março e 23 de
Abril.
A primeira
Páscoa judaica foi realizada no mês de Abibe (posteriormente chamado de Nisã),
que corresponde ao período entre Março e Abril em nosso calendário. Esse mês se
tornou o primeiro mês do calendário judaico. A Páscoa também está ligada à
Festa dos Pães Asmos e a dedicação dos primogênitos.
O que significa “Páscoa”?
A palavra
Páscoa significa “passar por cima”, do hebraico pessach, derivado do verbo
passah, “saltar” ou “passar”. Este significado faz referência à ocasião em Deus
enviou a décima praga sobre o Egito. Essa décima praga resultou na morte de
todos os primogênitos, mas os israelitas nada sofreram.
Portanto,
quando o juízo de Deus atingiu os egípcios, o Destruidor passou por cima das
casas dos israelitas que estavam marcadas com o sangue do cordeiro que havia
sido sacrificado. Desse modo, o significado “passar por cima” transmite o
sentido de “poupar”, ou seja, passar por cima por misericórdia.
A história da Páscoa
Cerca de 500
anos antes da instituição da Páscoa, Deus falou com Abraão acerca do futuro de
sua descendência, o povo de Israel. O Senhor o avisou de que os israelitas
seriam peregrinos em terra alheia. Eles seriam reduzidos à escravidão e
oprimidos por 400 anos. Porém Deus também prometeu que julgaria a nação que
dominaria seu povo, libertando-os da opressão (Gênesis 15:13,14).
Mais tarde,
José, bisneto de Abraão, foi traído por seus irmãos e vendido como escravo, e
acabou parando no Egito. Depois de enfrentar muitas dificuldades, segundo o
plano soberano de Deus, José se tornou o governador do Egito, ao liderar as
ações que garantiram que o Egito tivesse mantimento numa época de terrível
escassez.
A crise levou
a casa de Jacó até o Egito em busca de alimento. Então eles descobriram que
José havia sido exaltado por Deus naquela terra, e que ali a descendência de
Abraão sobreviveria. Durante algum tempo os israelitas viveram com dignidade no
Egito. Mas José e toda aquela geração morreram, e chegou o tempo em que se
levantou um faraó que não conheceu José, e escravizou o povo de Israel (Êxodo
1:6-11).
Depois de 400
anos que os israelitas estavam no Egito, Deus levantou Moisés como libertador
de seu povo. Esse processo envolveu dez pragas que o Senhor enviou ao Egito.
Foi a última praga, que consistiu na morte dos primogênitos do Egito, o
episódio que deu origem a celebração da Páscoa.
A origem e o
significado da Páscoa judaica
Quando Deus
anunciou a décima praga, Ele também deu instruções a Moisés de como os
israelitas deveriam proceder. O Senhor ordenou que eles sacrificassem um cordeiro
ou cabrito macho sem defeito no décimo quarto dia do mês de Abibe, e espargisse
o sangue do cordeiro nos umbrais e no alto dos batentes das portas de suas
casas.
Eles deveriam
comer a carne do cordeiro assada no fogo, acompanhada de pães asmos e ervas amargas.
Aqui podemos fazer a seguinte observação:
Pães asmos:
eram pães sem levedura, ou seja, sem fermento. Os pães asmos deveriam ser
comidos como lembrança da pressa durante o êxodo.
Ervas amargas:
essas ervas estavam diretamente associadas ao sofrimento e a aflição dos tempos
de escravidão (cf. Lamentações 3:15).
O Senhor também ordenou que eles
comessem com pressa, com “os lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na
mão”, pois naquela mesma noite Deus passaria sobre o Egito (Êxodo 12:11).
Quando o juízo
de Deus atingiu o Egito, morreram todos os primogênitos, desde os homens até os
animais. Isto também significou a completa derrota dos deuses do Egito. O
significado da Páscoa judaica está claramente registrado no livro do Êxodo,
quando lemos:
E acontecerá
que, quando vossos filhos vos disserem: Que rito é este? Respondereis: Este é o
sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de
Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então, o
povo se inclinou e adorou (Êxodo 12:26,27).
A observância da Páscoa no decorrer da história
dos hebreus
Moisés
institui a Páscoa como uma celebração anual. Assim, a Páscoa é a festa judaica
mais antiga. Os judeus deveriam celebrar a Páscoa seguindo as regras básicas que
foram determinadas no Pentateuco (Êxodo 12; Levítico 23; Deuteronômio 16).
Assim como a
primeira Páscoa ainda no Egito, a festa anual era comemorada no crepúsculo do
décimo quarto dia do primeiro mês, seguida de sete dias consecutivos (do décimo
quinto ao vigésimo primeiro dia), denominados como “Festa dos Pães Asmos”.
O cordeiro
macho e sem defeito de até um ano que seria sacrificado, era separado do
rebanho por cada família no décimo dia do primeiro mês e guardados até o décimo
quarto dia. O animal deveria ser assado inteiro, e sem que nenhum osso fosse
quebrado.
O animal
deveria ser comido muito rapidamente com as ervas amargas e os pães asmos. Os
judeus também deveriam comer do cordeiro com trajes de viagem, para que a saída
apressa do Egito fosse celebrada. As sobras do cordeiro também deveriam ser
queimadas, pois não era permitido aproveitá-las no dia seguinte.
Durante a
celebração da Páscoa o chefe da família explicava o significado do ritual às
crianças. Depois, também foi instituída uma segunda Páscoa, um mês depois, para
beneficiar aqueles que não puderam participar da primeira celebração (Números
9:1-14).
Enquanto
esteve peregrinando no deserto, o povo de Israel não celebrou a Páscoa. Eles
voltaram a celebrá-la apenas quando já estavam acampados em Gilgal, sobre a
liderança de Josué (Josué 5:10). Há também outras passagens bíblicas que fazem
referência a celebração da Páscoa no Antigo Testamento (ex.: 2 Crônicas
30:1-27; 35:1-19).
A Páscoa na época de Jesus
Os Evangelhos
trazem várias passagens que relatam a celebração da Páscoa durante a vida de
Jesus. Ele era levado por seus pais a Jerusalém todos os anos para a Festa da
Páscoa (Lucas 2:41). No Evangelho de João, por exemplo, encontramos pelo menos
quatro referências à Festa da Páscoa (João 2:13,23; 6:4; 11:55; 12:1; 13:1;
18:28,39; 19:14).
Nessa época, o
cordeiro era sacrificado na área do Templo, e seu sangue era lançado por um
sacerdote sobre o altar. A refeição pascal podia ser comida em qualquer casa da
cidade. Era comum os judeus se reunirem em grupos, assim como o grupo de Jesus
e seus discípulos que se reuniu no Cenáculo, formando um tipo de unidade
familiar.
Por ocasião da
Páscoa, acredita-se que entre 60 e até 180 mil judeus compareciam a Jerusalém.
Obviamente a maioria deles era formada por judeus da Diáspora, ou seja, judeus
que viviam fora da Palestina. Os gentios não podiam participar da Páscoa, porém
os prosélitos que aceitassem satisfazer as condições exigidas para tal
celebração podiam participar dela.
Depois da
queda de Jerusalém e da consequente destruição do Templo em 70 d.C., a Páscoa
judaica passou a ser uma celebração intima e familiar, mais próxima do que foi
no Êxodo, já que não era mais possível realizar todo o ritual feito no Templo.
O significado da Páscoa para os cristãos: Jesus
e a Páscoa
O profeta
Isaías profetizou acerca do Messias, dizendo que como um cordeiro ele foi
levado ao matadouro (Isaías 53:7). João Batista, falando acerca de Jesus, fez a
importante declaração: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
(João 1:29).
Jesus foi
traído, preso e crucificado durante a Festa da Páscoa em Jerusalém. Tudo isso
ocorreu, muito provavelmente, numa sexta-feira, embora alguns defendam a
quarta-feira. Considerando a sexta-feira como a melhor posição, então na
quinta-feira à noite Jesus e seus discípulos comeram o cordeiro pascal em
Jerusalém.
Aquela foi a
última ceia pascal, ou seja, a última vez que a instrução dada ainda no Egito
deveria ser observada. Após aquele momento, ninguém mais deveria sacrificar um
cordeiro, assá-lo e comê-lo com ervas amargas e pães asmos.
O Cordeiro de
Deus seria sacrificado, num sacrifício perfeito e definitivo, sem a necessidade
de qualquer complemento. Ao invés da carne de cordeiro assada, das ervas
amargas e dos pães asmos, nosso Senhor instituiu o pão e o vinho em memória
dele. Ao comermos o pão nos lembramos de seu corpo partido, quando tomamos o
cálice nos lembramos do seu sangue derramado.
A última
Páscoa deu lugar a primeira Ceia do Senhor, ou seja, a Páscoa passou a ser a
Ceia do Senhor. Também é interessante notarmos que a Páscoa apontava para o
futuro, para frente, era o símbolo do que haveria de vir. Já a Ceia do Senhor
aponta para o passado, para trás, como símbolo da promessa que se cumpriu.
Os cristãos devem celebrar a Páscoa?
A Páscoa é uma
festa judaica, um símbolo que apontava para o sacrifício do Filho de Deus.
Quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós, ele cumpriu definitivamente o
significado que a Páscoa tipificava. A Páscoa era a sombra, Cristo é a
realidade.
Celebrar a
Páscoa judaica é celebrar aquilo que era temporário, é voltar ao que é
inferior. O escritor de Hebreus expôs essa verdade como o tema principal de sua
epístola. Assim, Cristo é a nossa Páscoa perfeita.
O apóstolo
Paulo foi claro quando escreveu que Cristo é o “nosso Cordeiro pascal” que foi
sacrificado (1 Coríntios 5:7). Dessa forma, nós, cristãos, não celebramos a
Páscoa uma vez por ano entre os meses de Março e Abril, mas nos reunimos para
celebrar a Ceia do Senhor durante o ano todo, em memória de seu sacrifício no
Calvário. Ali seu sangue foi derramado satisfazendo a justiça de Deus,
impedindo que o Destruidor nos lançasse em condenação eterna.
Para nós, a
Páscoa significa que, pelos méritos da obra de Cristo na cruz, a ira de Deus
“passou por cima” das nossas vidas, pois nos umbrais de nossas portas seu
precioso sangue atestou que fomos justificados. É por isso que num determinado
sentido os cristãos não comemoram a Páscoa, antes, celebram a Ceia do Senhor.
Coelho, ovos e
chocolates
Coelhos, ovos e chocolates foram
elementos incorporados posteriormente à Páscoa. Geralmente as pessoas defendem
o uso de tais elementos alegando que o ovo simboliza a nova vida e o coelho a
fertilidade. Quanto ao chocolate, talvez a melhor explicação seja que,
associado aos outros dois elementos, ele é bom para o comércio.
Seja como for,
tais elementos não possuem qualquer ligação com a Páscoa judaica ou com a Ceia
do Senhor. Infelizmente em muitas igrejas tais elementos são incorporados até
mesmo num tipo de culto especial de Páscoa.
Por outro
lado, há aqueles que na tentativa de se desvencilhar das praticas populares
acabam cometendo outro erro, ao aderirem às praticas da Páscoa judaica. Isso
significa que em algumas igrejas na época da Páscoa come-se cordeiro assado,
pães asmos e algum tipo de erva amarga. Em ambos os casos o que vemos é pura
crendice. É o pragmatismo e o sincretismo religioso que lamentavelmente atrai
cada vez mais adeptos.
Apesar da
Páscoa judaica não ser uma data sagrada para nós, devemos agir com sabedoria e
prudência. Devemos aproveitar essa data onde muitas famílias se reúnem, para
explicar o verdadeiro significado da Páscoa, desde sua origem, apontando para
Cristo como o Cordeiro de Deus, até sua consumação no Calvário, onde nossas
correntes foram quebradas.
Além disso,
devemos estar confortados na promessa de que o pleno significado da Páscoa será
completamente cumprido no novo céu e na nova terra. Ali o povo escolhido de
Deus estará totalmente livre de todo pecado, e nossa comunhão com o Redentor
será aperfeiçoada em toda plenitude (Lucas 22:16; cf. Apocalipse 3:21).
MESTREKAMEL
FELIZ PÁSCOA!!!