Quando eu tomo a santa ceia indignamente?
O texto que contém essa questão é esse: “Por isso,
aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do
corpo e do sangue do Senhor.” (1Co 11. 27). É um texto que apresenta uma
advertência muito séria: Participar da ceia “indignamente” é se tornar culpado
perante Deus de um grave pecado.
Mas
o que Paulo quis dizer nesse texto com a palavra “indignamente”?
Para compreendermos corretamente a mensagem do
texto, precisamos avaliar o contexto (o que vem antes e o que vem depois desse
texto). Observe que o versículo mencionado está dentro de uma sessão que vai
dos versículos 17 ao 34. E é dentro desta sessão que encontramos a resposta que
estamos buscando. É importante observar que a Palavra de Paulo é dirigida a
igreja (aos crentes). É evidente que quem é descrente não deve participar da
santa ceia, pois não teria significado algum.
“Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do
Senhor, porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim,
enquanto um fica com fome, outro se embriaga. Será que vocês não têm casa onde
comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que
lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!” (1Co 11. 20-22)
Um exemplo
de desordem na celebração da Santa Ceia
O testemunho direto concernente a Ceia do Senhor
Jesus no N.T. está descrito em cinco trechos (Ma 26.26-29; Marc 14.22-25; Luc
22.15-20; 1 Cor 10.16-25; 11.17-34). Enquanto, que nos evangelhos sinópticos
(Mateus, Marcos e Lucas) é registrado o momento da instituição da Santa Ceia;
na carta de Paulo aos coríntios, é relatada a Igreja já na celebração da Santa
Ceia. Como as cartas de Paulo aos coríntios (1 e 2 Coríntios) foram escritas
antes de Mateus, Marcos e Lucas, portanto, trata-se do primeiro relato sobre a
Ceia do Senhor Jesus. Nos dias do Novo Testamento, a Santa Ceia de Cristo era
celebrada anualmente no decurso de uma refeição tomada em comum, conhecida como
Festa de Amor (grego Ágape). Cada um trazia o que podia e
compartilhava com os outros, mas não acontecia isso em Corinto. Esta Festa de
Amor em Corinto, parece que eclipsara inteiramente a Ceia do Senhor Jesus. Por
isso, Paulo declara que suas reuniões estavam sendo realizadas para pior e não
para melhor, isto é, suas reuniões estavam sendo cada vez mais degradantes
(vs.17) e, que a Ceia deixava de ser do Senhor Jesus, porque estava sendo
deturpada (vs.20). Os que traziam alimentos comiam-no com os da sua roda
íntima, sem esperar que a congregação se reunisse. Assim, uns tinham fome e
outros comiam demais, isto é, os pobres que não podiam trazer refeição, eram
desconsiderados e deixados com fome. Imitando as bebedeiras dos pagãos em seus
templos, tornavam assim, as suas "Festas de Amor" em ocasião de
glutonaria e, assim, estavam também perdendo de vista inteiramente o
significado da Santa Ceia (vss. 20,21).
Paulo continua dizendo que, se quisessem realmente
comer e beber à vontade, contudo, que fizessem isso em suas casas, mas não nas
reuniões de adoração a Jesus Cristo. Pois, assim agindo, demonstravam total
desprezo para com a Igreja de Cristo, isto é, sua unidade, seus valores,
normas, e sua relação com Cristo como Cabeça e, ainda envergonhando os que nada
tinham para comer e beber. Tratava-se de uma desordem tão grave, que Paulo mais
uma vez disse-lhes: «Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto certamente não vos
louvo (vs.22)». Por isso, ele recorda-lhes brevemente as circunstâncias em que
Jesus instituiu a Sua Santa Ceia. Isto os ajudaria a perceber a gravidade de
seus erros. Para assegurar a veracidade do assunto, Paulo esclarece a eles que
o ensino que lhe fora transmitido, não era uma história fictícia e nem fruto da
sua imaginação, mas disse; «Porque eu recebi do Senhor [Jesus] o que também vos
ensinei...» (vs.23a). Em seguida ele apresenta um registro cuidadoso de como se
iniciou a celebração da Ceia de Jesus, dizendo que ela foi instituída pelo
próprio Senhor Jesus Cristo. Depois fala do seu valor, ainda lembra-lhes a sua
profunda significação espiritual e o seu caráter sagrado, fazendo compreender a
diferença existente entre a Festa de Amor e a Ceia do Senhor Jesus e, do
escândalo que o comportamento deles causava (vss. 23-26). Paulo repreende-os
contra a participação indigna (vss. 27,29) e, a necessidade de fazer um auto-exame para
depois comer do pão e beber do cálice (vs.28), para que não caíssem sob o
castigo Divino, porque por isso, muitos na verdade já estavam sendo castigados
(vss. 28-30). Paulo finaliza lembrando mais uma vez a Igreja em Corinto, para
que tomasse todo cuidado, para que não repetisse os mesmos maus procedimentos
diante da Ceia do Senhor Jesus em outras reuniões posteriores; «para que não
vos ajunteis para a condenação» (vss. 33,34). Paulo disse ainda que tinha mais
coisas a serem passadas, mas que faria isso pessoalmente (vs.34).
ALERTA: As desordens na celebração da Santa Ceia pelos irmãos de
Corinto, servem de alerta para nós, para que não venhamos a cair nestes mesmos
erros; é preciso acima de tudo discernir o Corpo e o Sangue de Cristo nos
elementos que a eles simbolizam.
Paulo finaliza reiterando o caráter de união da
ceia. União de todos os servos de Cristo. Participar da ceia com qualquer forma
de desunião é comê-la indignamente. “Assim, pois, irmãos meus, quando vos
reunis para comer, esperai uns pelos outros.” (1Co 11. 33).
Concluo essa questão dizendo que nem mesmo um
pecado ocasional deve ser um empecilho para que você deixe de participar da
ceia. Confesse o seu pecado e participe da ceia. A ceia é momento de [união] do
povo de Deus e de relembrar o sacrifício do nosso Salvador, bem como, de
avaliação interior e fortalecimento espiritual de cada um de nós e da igreja
como um todo. Por isso, devemos refletir, tomar decisões para reparar possíveis
erros e participar dela, fortalecendo-nos como indivíduos e como igreja (isso é
comer a ceia dignamente).
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