A Bíblia também nos mostra que nos últimos tempos haverá um abandono da fé por
parte de muitas pessoas. “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos
últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos
enganadores e a ensinos de demônios” (1Tm 4. 1). Justamente por não valorizarem a
Bíblia estas pessoas se perderam em ensinos que não vêm de Deus, ensinos
de espíritos enganadores e de demônios.
Infelizmente estamos vivendo um tempo de grande apostasia, pois as pessoas têm
rejeitado a Palavra de Deus, trocando-a por outros ensinos que têm “aparência”
de verdadeiros, mas que as levam para cada vez mais longe de Deus. E o pior de
tudo é que muitas igrejas têm sido totalmente apóstatas inventando doutrinas
que não existem na Bíblia.
O significado da palavra apostasia é especialmente importante para os nossos tempos.
Saber o seu significado nos ajudará a compreender algumas passagens bíblicas e
também algumas atitudes que encontramos em pessoas que estão ao nosso redor.
Apostasia significa o
abandono e a negação da fé. Ou seja, a negação daquilo que se crê, ou melhor,
que se cria. De uma forma bem simples, é a negação do ensino da Bíblia e o
afastamento das pessoas da vontade de Deus.
Destaco na Bíblia um
exemplo de dois homens que apostataram da
sua fé, ou seja, que a abandonaram e a negaram. Vejamos:
“Além disso, a linguagem deles corrói como câncer;
entre os quais se incluem Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade,
asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.” (2Tm 2.
17).
Notem que estes dois homens (Himeneu e Fileto) estavam pregando algo contrário
ao que as Sagradas Escrituras (a verdade) ensinavam e foram rapidamente
identificados por Paulo como apóstatas.
Geralmente o apóstata tem dificuldade de se arrepender e defende a sua
“doutrina” com unhas e dentes. Daí a necessidade de serem rapidamente
questionados e combatidos. Himineu, Fileto e outros, traziam confusão negando a
verdade da Palavra de Deus.
A pureza ou apostasia de
uma igreja depende muitíssimo de seus pastores, líderes, professores e
pregadores, assim como a igreja do Antigo Testamento dependia, para sua pureza,
da fidelidade de seus sacerdotes (Ml
2.1-9).
O
pastorado santo, humilde, trabalhador que Cristo instituiu na igreja foi usado
grandemente para converter pessoas à obediência bíblica e para conservá-las
nela. Deus abençoou e fez prosperar a doutrina, o espírito, o exemplo, a vidas,
as orações, a pregação e o trabalho duro delas. A vida desses cristãos reforçou
e provou o poder e a verdade do evangelho que pregaram.
Mas
por meio da degeneração das épocas que se sucederam, as correntes da religião
cristã foram poluídas por mestres corruptos que foram exemplos de dissensão,
divisões, ambições e pensamentos mundanos.
Sob
o Antigo Testamento, os sacerdotes levaram o povo a dois tipos diferentes de
apostasia:
Primeiro,
levaram o povo à superstição e idolatria (Jr 23.9-15). Esta apostasia terminou no cativeiro babilônico,
onde todos seus ídolos foram enterrados na terra de Sinear (Zc 5.11).
Segundo,
depois da volta deles do cativeiro, os sacerdotes, por negligência, ignorância
e mau exemplo, lideraram o povo no desprezo de Deus e das coisas sagradas. Isso
começou nos dias do profeta Malaquias, o último dos profetas bíblicos, e
terminou na rejeição de Cristo e na destruição daquele templo e nação. Quando
Cristo foi rejeitado pelo povo, foram os líderes religiosos quem os forçaram a
clamar: “Crucifiquem-no!”.
Semelhantemente,
a primeira apostasia na igreja cristã foi através da superstição e idolatria,
que chegou ao auge na Igreja de Roma. Esta superstição e idolatria se fez
acompanhar, inevitavelmente, de cada vez maior vileza na vida de todo tipo de
pessoas.
Salvas
de superstição e idolatria, muitas igrejas, caíram em comportamento mundano,
sensual e profano, porque o clero nestas igrejas era mundano, sensual e
profano.
Como
é importante, pois, o ministério ordenado, para guardar pura a igreja e evitar
que caia na apostasia!
A
pureza e bem-estar de uma igreja depende da pureza e fidelidade de seus
ministros(Ef 4.11-15).
A
igreja prospera ou decai conforme seus ministros designados prosperam ou
decaem. Se estes são negligentes e corruptos, as pessoas abandonarão o
evangelho. Os rebanhos não serão preservados onde os pastores são negligentes.
Se os campos não forem continuamente cuidados, serão tomados pelo mato,
espinhos, por espinhos e ervas daninhas.
Obrigações importantes do ministério
É
dever dos pastores ordenados conservar pura a doutrina do evangelho,
especialmente no que diz respeito à santidade. “Os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento” (Ml 2.7; Ef 4.11-15). Foi esta a
principal incumbência que Paulo deu aos presbíteros em Éfeso (At 20.28-30). Paulo também encarregou
Timóteo de conservar puro o evangelho (1
Tm 6.13, 14, 20; 2 Tm 2.14, 15). E essa doutrina do evangelho deve ser
entregue a homens fiéis que possam instruir outros também (2 Tm 2.1, 2).
A Bíblia, as mentes e corações dos crentes, e o
ministério escolhido e ordenado são os três repositórios de verdade sagrada.
A
Bíblia é mantida a salvo pela providência de Deus contra todas as oposições do
inferno e do mundo.
A
verdade sagrada nas mentes e corações dos crentes é guardada pelo Espírito de
Cristo e sua graça (Jo 14.16, 17, 26;
16.13; 1 Jo 2.20, 21; Jo 6.45; Hb 8.10, 11). Compete ao Espírito Santo
preservar a verdade nos corações e mentes dos crentes, mesmo em tempos de
apostasia romana, como fez nos dias da apostasia israelita, quando Elias
parecia representar sozinho a verdadeira religião.Naquela época Deus tinha
preservado sete mil que não dobraram o joelho a Baal (1 Re 19.18).
A
verdade do evangelho bíblico é a única raiz da qual cresce a santidade bíblica.
Se a raiz se corrompe, o fruto também será corrupto. É impossível manter o
poder da piedade onde a doutrina da qual procede é desconhecida, corrompida ou
desprezada. Por outro lado, onde os homens estão cansados de santidade, não
continuarão fiéis à verdade divina por muito tempo. A grande oposição feita a
todas as doutrinas da Bíblia hoje existe justamente porque os homens detestam a
santidade.
É
dever dos pastores ensinar o desígnio todo de Deus como fez Paulo (At 20.27). Quaisquer deles que não
são dotados de sabedoria para ver o que é útil, proveitoso, e o que os ouvintes
estão prontos para ouvir, conforme a necessidade atual de seu estado
espiritual, não sabem o que é ser ministros fiéis de Cristo.
Eles precisam pregar todo o desígnio de Deus
com cuidado, diligência e fidelidade (2
Tm 4.1, 2). Como deveriam estas palavras dirigidas a Timóteo soar alto
aos ouvidos de todos os pastores que desejam desempenhar seu dever com
fidelidade! Será que as almas dos homens serão preservadas, edificadas e salvas
com menos esforço do que nos dias dos apóstolos?
Eles
precisam pregar todo o desígnio de Deus com todas suas forças (At 6.4; 1 Tm 5.17; 1 Co 16.16; 1 Ts 5.12).
Precisam
pregar todo o desígnio de Deus com oração constante (At 6.4). O ministério da Palavra que não for sustentado por
oração para ser bem sucedido dificilmente exercerá santidade na vida de outras
pessoas. Paulo é o supremo exemplo de um homem de oração (Rm 1.9, 10). É inútil tomar sobre si
toda a armadura de Deus e não apoiá-la com oração (Ef 6.18, 19). Um pastor que prega a Palavra de Deus sem oração
constante para que a pregação tenha êxito é bem capaz de estar ocultando um
ateísmo secreto em seu coração, e dificilmente vai operar santidade na vida dos
outros.
É
dever dos ministros designados representar, através de sua vida e de seu
ministério, o poder e a verdade das grandes e santas doutrinas que pregam.
É dever dos ministros designados evidenciar em suas
vidas a mansidão, a humildade e o zelo por Deus. Devem mostrar moderação,
negação de si e prontidão para a cruz. Acima de tudo são chamados para
mortificar, pelo Espírito, os desejos corruptos que tenham. Desprezo pelo
mundo, bondade e paciência para com todas as pessoas, a mente posta no
celestial, tudo isso deve ser característico de um ministro de Cristo e do
evangelho.
Quaisquer
vícios e corrupções que os homens virem nas vidas de seus pastores não serão
atribuídos à depravação de sua velha natureza que ainda neles habita, mas sim
ao evangelho. Por isso, em todas as coisas os ministros precisam mostrar-se
padrão de boas obras (Tt 2.7).
Precisam ser exemplos para todos os que os seguem (2 Ts 3.9; 1 Tm 4.12). Esta é a honra à qual Cristo chama seus
ministros.
É
dever dos ministros ordenados atender diligentemente àquela regra e disciplina
santa que o Senhor Jesus Cristo ordenou para a edificação da igreja e a
preservação de sua pureza, santidade e obediência.
Muitos
pastores são lamentavelmente ignorantes dos desígnios de Deus. Eles não têm
sido fiéis em conservar puros e incorruptos a verdade, a doutrina e os
mistérios do evangelho. Faltam-lhes desejo e destreza para pesquisar os
mistérios da doutrina de Cristo quanto à capacidade para fazer isso. Desprezam
o trabalho difícil de expor fielmente as Escrituras. E assim multidões perecem
por falta de conhecimento. Estes deverão - e irão - morrer em seus pecados, mas
o sangue delas será exigido da mão de tais ministros infiéis (Ez 3.16-21).
A
maioria dos sacerdotes no papado é
brutalmente ignorantes. Mas para eles isso não importa, porque seu trabalho é
manter o povo ignorante das doutrinas da Escritura. E não é melhor a situação
na Igreja Grega Ortodoxa. Como resultado, nações inteiras que se chamam de
cristãs, por tola ignorância têm degenerado até ao desrespeito e desdém pelas
coisas santas; e têm tolerado imoralidades abomináveis que são piores do que
quaisquer as que são toleradas pelos pagãos.
Se
a pregação do evangelho é o único meio soberano e eficaz designado por Deus
para a regeneração e renovação da natureza dos homens e a reforma de suas vidas
(e negar isso seria negar o próprio cristianismo), é vão esperar que essa
regeneração e reforma se efetuem de forma tal que restaurem a beleza e glória
da religião no mundo, sem que primeiro sejam providenciados ministros hábeis
para instruir o povo.
Mas
por intermédio de um clero infiel e corrupto, tal como o que se pode achar na
Igreja de Roma, a verdade foi aviltada, corrompida e pervertida. Nem em nossos
dias existe nela uma única doutrina que promova a obediência bíblica que esteja
livre de ser desprezada ou corrompida.
Para
que a verdade seja conservada pura, é preciso que orações subam a Deus. Só por
sua graça o ministério estará capacitado a guardar a Palavra de Deus livre de
corrupção.
Muitos
pastores são indolentes, frios e indiferentes para com seu trabalho. Poucos se
dedicam de coração, de modo diligente e laborioso, ao máximo de suas forças e
capacidade, no trabalho do ministério, com zelo pela glória de Deus e com
compaixão sincera pelas almas dos homens.
Será
que alguém imagina que os deveres diários do sacerdócio da Igreja de Roma -
tais como pronunciar os ofícios nas horas canônicas, ouvir confissões e dar
absolvições, sem o menor de labor na Palavra e doutrina - seriam os meios que
Deus nos tem dado em sua Palavra para se manter o poder e a beleza do
cristianismo? O que essas práticas romanas fazem é efetivamente manter a
humanidade em pecado e segurança, e os homens gostam que seja exatamente assim.
Muitos
clérigos são abertamente ambiciosos, insaciavelmente cobiçosos, presunçosos,
sensuais, detestando os bons e prezando como companheiros os mais aviltados,
mostrando hábitos depravados de mente.
Que
terrível o contraste entre tais homens e os apóstolos e primeiros pregadores do
evangelho!
Que
Deus possa enviar novamente “pastores
segundo seu coração para apascentar o povo com conhecimento e com inteligência” (Jr 3.15).
Só
o avivamento de um poderoso e bíblico ministério fará com que a igreja retorne
de sua apostasia atual para aquele glorioso estado que vai realmente trazer
glória a Deus no mundo.